sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

Reforma do Fortim do Queijo - Olinda

Hoje me deparei com uma notícia, novamente no excelente caderno de Vida Urbana do Diario de Pernambuco, que me deixa muito feliz: o Instituto Histórico de Olinda vai comandar a recuperação e transformação do Fortim do Queijo ou Fortim Montenegro em memorial a partir do mês de março.

Fico feliz porque sou, desde criança, um apaixonado por essas explêndidas estruturas chamadas de fortes ou fortalezas. Na minha classificação, são patrimônios materiais que apenas perdem em termos de importância e beleza para as famosas Pirâmides de Gizé, para o Partenon, a Muralha da China e o Coliseu. Pensar um forte como uma estrutura sólida de um tempo onde a tecnologia limitava-se aos recursos locais ou trazidos com muito sacrifício nas embarcações de muito longe é observar mais do que o interesse em ocupar e tomar posse de um local: é enxergar a realidade de uma época, algo que intriga e torna capaz de vivermos novamente a História como um dia ela já foi.

Pois bem, para quem ainda não sabe a que estou me referindo nessa postagem, o Fortim do Queijo fica em Olinda, perto da Praça do Carmo e dos Correios, ali na Av. Sigismundo Gonçalves, logo na entrada da orla. De origem portuguesa e não holandesa, como muitos pensam, o Fortim recebeu esse nome não se sabe bem porquê, entretanto existem algumas possibilidades de explicações como: "havia uma grande quantidade de alimentos ali abrigados" ou "existia uma feira pública nos arredores onde o forte cheiro de queijo chegava até a fortificação", entre outras; há quem também o conheça por Forte Quebra-Pratos, pois quando os canhões eram acionados, os estrondos quebravam pratos nas moradias ao redor. O forte foi estabelecido no governo de Caetano Pinto de Montenegro, ex-Governador de PE durante o século XVII.

Atitudes como essa são importantes por nos fazer preservar essas memórias vivas em nossos locais de vida. Saber que estamos hoje em lugares que foram verdadeiros marcos da História de Pernambuco e do Brasil dá-nos uma satisfação sem tamanho, uma vez que todo pernambucano é ufanista e ama tudo que vem de sua terra. Pena que tão poucos saibam sobre ela, muitas vezes por falta de interesse em querer pesquisar ou saber os reais fatos por trás do que lhes trás o belo.

Além do Fortim do Queijo, Olinda também nos mostrou essa semana com as obras para embutir a fiação telefônica no solo os trilhos instalados para os bondes durante a primeira década do séc. XX (1914) pela então extinta companhia inglesa Pernambuco Tramways Corp.. Realmente estamos vivendo uma fase de efemeridade muito boa nos últimos 10 anos em termos de pesquisas sobre o patrimônio que estava esquecido, apesar de notarmos o Recife e Olinda hoje como retratos de uma época que foi apagada pela modernização (rever minha postagem de algumas semanas atrás). Faltava incentivo (e ainda falta) é bem verdade, mas ONGs estrangeiras estão fazendo um belo trabalho de releitura de Pernambuco, dando com isso um verdadeiro show de cidadania e consciência histórica.

Se puderem, visitem o local. Painéis serão instalados ao final da reforma, contando importantes momentos da história do Fortim e contribuindo para a manutenção da memória de PE viva.

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