terça-feira, 29 de julho de 2008

Mais um bem histórico!

Na última sexta-feira tivemos um importante acontecimento se concretizando em nosso estado. O Palácio do Campo das Princesas, finalmente, desde que foi requerido seu processo de inventário histórico, foi tombado como patrimônio histórico. Para mim, que respiro e vivo da História, esse é um acontecimento digno de celebração e eis aqui a postagem justificando essa alegria imensa.

O Palácio do Campo das Princesas se encontra hoje no local onde o Conde Maurício de Nassau mandou erguer, no que era apenas um descampado da Ilha de Antônio Vaz, o Palácio de Friburgo, sede do seu governo. No mesmo local, foi construído o Erário Régio (sede administrativa), depois dademolição da edificação holandesa. Lá, em 1841, o governador Francisco do Rêgo Barros, futuro Conde da Boa Vista, mandou o engenheiro Moraes Âncora construir o Palácio Provincial que a República transformaria em Palácio do Governo do Estado.

Em 1859, o Palácio sofreu a sua primeira reforma, sendo transformado em Paço Imperial para hospedar o imperador Dom Pedro II e a imperatriz Dona Tereza Cristina. Ele foi preparado e ricamente decorado para receber o casal e suas filhas. Foi nessa época que o local recebeu o nome de Campo das Princesas, em homenagem às filhas do imperador, as princesas Isabel e Leopoldina.

A construção original do Palácio possuía apenas dois andares: térreo e primeiro. Em 1873, foi levantado um terceiro pavimento para servir de residência aos governadores, mas a arquitetura frontal e dimensional do prédio não sofreu alterações. O último governador pernambucano a residir no prédio foi Roberto Magalhães, na década de 80.

Nomes importantes como Leonardo Dantas e Rosa Bomfim trabalharam no processo de inventário, que foi solicitado pelo ex-governador Joaquim Francisco ainda em sua gestão no ano de 1991 e aprovado por unanimidade pelo CEC (Conselho Estadual de Cultura). Com o tombamento, a área que abarca a Praça da República e o Palácio da Justiça também estão tombados, uma vez que o tombamento do Teatro Santa Isabel já havia sido feito pelo poder federal.

Agora só nos resta valorizar esse belo legado deixado pela História à Pernambuco.

Créditos dos textos: Diário de Pernambuco de 25/07/08 e minha amiga Marcela Tenório, que contribuiu com a matéria para meu acervo particular.

segunda-feira, 28 de julho de 2008

Cabra macho, sim sinhô!!

Hoje a postagem não se refere a uma figura qualquer. Importante elemento do imaginário popular do sertão e figura indispensável na referência ao Nordeste, Virgulino Ferreira da Silva deixava, há 70 anos, o mundo dos mortais para dançar o xaxado na outra vida. Hoje falaremos brevemente sobre Lampião, o Rei do Cangaço.

Iniciado muito cedo no Banditismo Social (Cangaço), Lampião divide opiniões diversas de estudiosos e leigos ainda hoje em dia, 70 anos depois de sua morte por uma emboscada organizada pelas volantes governamentais em Angicos, Sergipe, 1938. Herói ou Bandido? Eis sempre a pergunta que permeia a personalidade desse homem simples, nascido em Serra Talhada e filho de humildes camponeses vítimas de um sistema que ainda impera no interior do Brasil nos dias de hoje: o Coronelismo.

Fazendo parte do bando do Sinhô Pereira, Lampião foi adquirindo tempo e vivência necessários para conseguir a confiança do grupo e depois, quando da aposentadoria do chefe, assumir o posto maior de comandante do Cangaço. Não que apenas existesse o grupo dele, o Cangaço produziu personagens sociais pelo sertão nordestino espalhados em vários estados, porém com uma só idéia: fugir da seca, fome e opressão dos poderosos.

A imagem que Lampião produziu no Nordeste sempre é lembrada pela bravura, desafio, superação e sentimento para viver em condições totalmente adversas ao que um ser humano merece e precisa. Casado com filha de coronel, sua união com Maria Bonita rendeu frutos capazes de perpetuarem a família Ferreira que, ainda hoje, relembram com saudosismo as estórias mirabolantes que circulam pelo imaginário e cancioneiro popular nordestinos, além da tão de praxe literatura de cordel.

Sem dúvida Lampião foi um ícone. Homem, herói, bandido, devoto de "Padim Ciço" e amante, o Brasil teve um dos maiores elementos capazes de mostrar que a História não é apenas formada pelos poderosos: sempre existe uma raiz popular marcante dentro de um universo sem limites para determinar uma cultura, um povo, uma tradição.

E viva Lampião, cabra macho sim sinhô!!


terça-feira, 22 de julho de 2008

Educar é uma arte!

O título da postagem, por mais belo e filosófico que possa parecer, nem sempre representou uma realidade. A História nos mostra exemplos curiosos de maneiras de educar na Antigüidade e é justamente sobre um desses tipos de educação que vamos falar hoje.

A Mesopotâmia, de tantas recordações como as operações matemáticas, a criação do arco na arquitetura, o estabelecimento do primeiro código de leis do mundo, também teve um sistema educacional bastante controverso para o que se tem hoje em dia como conceito de "educação ideal". A escola dos tempos mesopotâmicos recebia o nome de Eduba e era uma escola aparentemente normal com bancadas para o estudo, alunos e professores. Os métodos usados e as disciplinas eram a diferença.

Enquanto estudantes, meninos e meninas se misturavam numa sala de aula onde aprendiam, principalmente, conhecimentos sobre poesia e escrita, matématica, história e geografia do local onde viviam. Havia uma grande preocupação em manter vivas as tradições e por isso a figura do rei e, é claro, a religião eram elementos imprescindíveis. Sobre o professorado, era um corpo seletivo, geralmente escolhido entre os sacerdotes ou classes mais abastadas, que tinham domínio do cuneiforme (forma de escrita) e conhecimento suficiente da história de seu povo.

Entretanto nem só de flores vivia a educação no passado. Havia, como hoje em dia, uma grande quantidade de alunos indisciplinados, que por vezes desafiavam a autoridade dos professores e brincavam em suas aulas, o que era totalmente repudiado pelas regras da época. A punição, além de uma humilhação perante toda a classe, era a marcação por castigos físicos provocados por espécies primitivas de palmatórias ou varas verdes e eram aplicadas diretamente pelos professores. Os pais dos alunos, por terem igualmente dado uma educação doméstica deficitária aos mesmos, também eram punidos.

O tempo passou, a educação se modificou e aqueles que também a compõem da mesma forma. Porém percebe-se que mesmo com a "evolução" da educação, algumas arguras do tempo ainda permanecem: a indisciplina é uma delas. A História, nesse caso, que deveria cumprir sua função de "professora do tempo", tirou nota abaixo da média nesse quesito.

Em tempo, aviso a meus alunos que não procederei de acordo com o passado ok? :)

domingo, 20 de julho de 2008

É coincidência demais!!

As coincidências atingem as vidas das pessoas de maneiras diferentes. Uns acham que elas não existem; outros acham que o destino se encarrega de manifestá-las. A História foi testemunha de algumas coincidências não muito comuns, eis que cito uma das mais variadas aqui:

Durante o século XIX, o rei da Itália, Umberto I, conheceu um dono de restaurante que tinha o mesmo nome que o seu. Tudo bem até aí, conhecidências nominais são normais, entretanto as paridades entre os dois iam mais além: a fisionomia dos dois era parecida, ambos nasceram no mesmo dia (14 de março de 1844), na mesma cidade (Turim) e suas mulheres tinham o mesmo nome (Margherita). Como se não bastasse a gama de coincidências, o rei foi coroado no mesmo dia que seu xará inaugurou o restaurante e ambos morreram no mesmo ano, 1900.

Vai ter coincidências assim lá na Itália...

sábado, 19 de julho de 2008

Vai uma pitada aí??

É comum, sempre que estamos analisando uma escavação, encontrarmos elementos do uso cotidiano dos habitantes que viveram numa determinada época, em especial, durante os séculos XVI e XVII aqui no Brasil. Faço essa postagem hoje me lembrando de uma visita que minha prima de Brasília me fez quando veio conhecer nosso patrimônio histórico material.

Entre diversos vestígios das presenças lusa e flamenga (também conhecidos por holandeses), o que mais chamou a atenção de Rejane foi a presença de pequenos cachimbos totalmente ornamentados e feitos de barro branco. Ela encantou-se com a maneira como uma coisa há tanto tempo e feita para ser utilizada com um elemento nocivo à saúde foi capaz de resistir ao tempo e contribuir na formação da memória de um período destacado não somente na história desse estado, como também desse país.

Sobre estes objetos em questão, a História mostra que no século XVII, os holandeses eram os maiores fabricantes de cachimbos de barro branco, especialmente na cidade de Gouda, hoje famosa pelo queijo. Nesta cidade os fabricantes eram tão numerosos que formaram uma corporação. Os cachimbos holandeses foram exportados para o mundo inteiro e chegaram até o Brasil: em Recife, estes cachimbos estão sendo encontrados no curso das investigações arqueológicas sobre a dominação holandesa.

Mas voltando para Rejane, eu, sorrindo, expliquei a ela que fumar (ou pitar, como diz o povo do interior) não era a única função existente naquela íntima peça: o fato dela estar quebrada em pedacinhos não era mero acaso das arguras do tempo ou do "descaso" ao enterrarem essas peças tão bem ornadas. Quebrar um cachimbo na época era uma representação de que aquele objeto era de uso coletivo e não particular como temos atualmente. Isso a intrigou. Expliquei que, apesar da tradição atual inglesa em demonstrar que o cachimbo é não somente um símbolo que indica status, mas também uma certa individualidade, ao mesmo passo ele representava, no Período Holandês, a representação de famílias, que tinham a figura de seu patriarca cravadas no local onde coloca-se o fumo.

Achando tudo interessante e ao mesmo tempo meio nojento, Rejane achou que os holandeses, por mais criativos que fossem, também eram meio malucos. Cada cabeça com sua interpretação sobre a História...

quarta-feira, 16 de julho de 2008

A importância dos cemitérios

Hoje é feriado de Nossa Senhora do Carmo, padroeira do Recife e, portanto, feriado na cidade. Enquanto os mais fiéis vão à Basílica assistir às celebrações, é sobre hábitos costumeiramente católicos que a postagem de hoje se refere.

É comum observarmos em igrejas históricas que os padres, bispos e cônegos eram, assim como as freiras e pessoas de importância destaca na sociedade de seus tempos, enterrados no chão das igrejas ou em catacumbas subterrâneas e nas paredes. Essa prática remonta aos primórdios do Cristianismo, na Roma Antiga, quando estes eram perseguidos e deviam esconder-se para realizar seu ritual estando em vida, como também depois de mortos.

Após a liberação do culto, oficializada com o não menos famoso Edito de Caracala e, posteriormente, com o Edito de Milão do imperador Constantino, o Catolicismo voltou à superfície, dessa vez de forma a espalhar seus valores e instruir uma sociedade dentro da educação de ordens religiosas.

No Brasil, essa prática de sepultamento é bastante comum e guarda exemplos importantes, como os corpos de Frei Caneca, D. Hélder Câmara, o ex-Regente do Império e Frei Diogo Feijó e o Frei Galvão, primeiro santo brasileiro, que estão enterrados nas igrejas do Livramento, Basílica do Carmo, Catedral da Sé (SP) e mosteiro da Luz (SP), respectivamente. Somente a partir do século XIX essa realidade passa a ser diferente, com a introdução da ciência biológica com mais força em nosso país, o que dá uma conotação diferente da noção de saúde pública.

Vem daí a importância da criação dos primeiros cemitérios como forma de evitar que as doenças profileradas pelos restos mortais das pessoas se espalhassem nas igrejas da mesma maneira que o brando cheiro de carne crua e em putrefração se fazia presente. É importante perceber que essa prática foi introduzida, no Recife, também antes mesmo deste século: o exemplo maior se encontra no bairro dos Coelhos, que antes era um cemitério de escravos e no famoso cemitério dos ingleses, na Av. Cruz Cabugá, onde estão enterradas pessoas ilustres daquela nação e apenas um brasileiro: o general Abreu e Lima, revolucionário de 1824 e Libertador da América ao lado de Simón Bolivar e San Martin.

quinta-feira, 10 de julho de 2008

Primeiro Banho

O Rei Luís XIII de Bourbon, rei da França durante o século XVI e famoso por ser pai de uma das mais importantes figuras existentes até hoje nas Monarquias Nacionais Européias, seu filho Luís XIV - o Rei Sol, só tomou seu primeiro banho aos 7 anos de idade.

Motivo: na época acreditava-se que o banho pudesse amolecer o futuro rei e diminuir suas funções vitais.

Nota-se aí uma clara sobrevivência de saberes populares medievais em um tempo que era considerado "Moderno".

domingo, 6 de julho de 2008

Sensualidade Bíblica

Por mais tradicional que seja, atravessando séculos e marcando sua importância nas sociedades oriental e, especialmente, ocidental, a Bíblia mostra a cada dia surpresas que nos deixam cada vez mais interessados por analisar este livro tão particular das culturas humanas mais remotas. Como o título da postagem sugere, atualmente a discussão gira em torno de que o livro dos Cânticos fora produzidos por mulheres, em especial depois da fuga do Cativeiro da Babilônia (quando os hebreus foram libertados com a ajuda do rei Ciro, o Grande da Pérsia).

O livro traz uma série de poemas falados por mulheres que remontam pensamentos voltados à sensualidade, amor, procriação e união conjugal. Essa visão, segundo importantes rabinos e teólogos atuais mostra que se fez muito necessária, uma vez que houve um sentimento de repulsa muito grande pelas mulheres entre os hebreus após a fuga do Cativeiro da Babilônia, por questões de impureza feminina, especialmente.

Rabi Akvá, um importante rabino, mostra que existem também outras hipóteses em torno do fato, como por exemplo, que o livro teria descrito vários amores pelos quais o rei Salomão (950 a.C.) teria passado antes de morrer; ou até mesmo o caso existente entre seu pai, o rei Davi e Betsabéia, uma mulher casada que deu a luz ao futuro rei num envolvimento com Davi. Entretanto as visões são muitas e, conseqüentemente, as explicações também.

O livro tem a intenção, especificamente segundo os estudiosos do mesmo, é de mostrar que uma sociedade como a hebraica pautou perfeitamente as diferenças entre a fraternidade e o amor como elementos necessários a uma união estável, sem hipocrisias. Uma sociedade machista, vista sempre como patriarcal, agora teria dons matriarcais importantes, visto que se a missão da Igreja sempre foi perpetuar o amor, eis a forma mais pura e primitiva de vê-lo segundo escritura sagrada.

Para quem quiser dar uma olhada na matéria, veiculada na área de Ciência e Fé do portal G1 da Globo.com, segue o link: http://g1.globo.com/Noticias/0,,MUL637343-9982,00-BIBLIA+CONTEM+ANTIGO+POEMA+EROTICO+JUDAICO+CUJA+ORIGEM+DESAFIA+ESPECIALISTA.html

sábado, 5 de julho de 2008

Hitler Decaptado

Matéria que foi escrita hoje pelo JC OnLine e que eu achei bem interessante, coloco aqui na íntegra para compartilhar com vocês.

Alemanha
Estátua de Hitler tem cabeça arrancada em museu de Berlim
Publicado em 05.07.2008, às 12h45

A estátua de cera de Adolf Hitler do museu Madame Tussauds, que abriu suas portas neste sábado em Berlim, foi decaptada por um visitante.

"Um berlinense de 41 anos empurrou a pessoa que queria impedi-lo de tocar a estátua e conseguiu arrancar a cabeça de Hitler", contou o porta-voz do museu, Uwe Kozelnik.

"Ele queria protestar contra a exposição da estátua de Hitler", acrescentou, destacado que o homem foi detido para ser interrogado e que provavelmente será liberado mais tarde". O museu abriu um processo contra ele por "degradação de material e ferimentos corporais".

"A estátua foi retirada da exposição e deve ser reconstruída", segundo Kozelnik, acrescentando que a atitude do visitante causou muita agitação no local.

Exibida atrás de uma mesa, para impedir que os visitantes tirassem fotos ao seu lado ou a danificassem, a estátua já vinha suscitando muita polêmica e indignação entre algumas autoridades políticas.

Para não dar a impressão de que glorificaria o ditador, os criadores do museu representaram o líder nazista como um "homem acabado", em uma reconstituição do bunker onde passou seus últimos dias e se matou no dia 30 de abril de 1945.

Com ar derrotado, o "Führer" do museu berlinense tinha um aspecto degradado em comparação a sua cópia mais jovial apresentada no museu Madame Tussauds de Londres.

A estátua do ditador estava entre cerca de 70 outras figuras de cera de personagens importantes da história alemã e mundial, entre elas a do ex-chanceler Helmut Kohl.

Kohl, ex-dirigente conservador, de 78 anos, gerou outro escândalo na abertura do museu, declarando ao jornal Bild "nunca ter dado sua autorização" para que sua imagem fosse exposta no museu de cera.

Helmut Kohl, que está em estado de convalescença há meses, depois de uma queda, em fevereiro, disse que entrou em contato com os responsáveis do museu, mas que havia imposto algumas condições para ser exibido no museu em estátua de cera.

"Isso não é nada sério, é inconveniente. Vou mandar o caso para meu advogado", afirmou o artífice da Reunificação da Alemanha em 1990.

Segundo o Bild, Helmut Kohl pode entrar na justiça para pedir a retirada da estátua ou pedir indenizações por perdas e danos.

Fonte: Diário do Grande ABC

quarta-feira, 2 de julho de 2008

Mendigo no Carnaval

Um fato curioso marcou o carnaval, em sua semana pré, durante o ano de 1968 no Recife. Enquanto que todos se preocupavam com os preparativos para um dos melhores Bal-Masqué da cidade e um Municipal bastante movimentado por artistas conhecidos do eixo Sul/Sudeste, os mendigos do centro da cidade também queriam seu baile especial, e mais: com direito a homenageado e tudo mais.

Estava tudo pronto, mendigos de todos os cantos do Recife foram convidados e até mesmo o patrocinador do encontro estava lá, foi quando chegou o homenageado. Para todos os efeitos, tudo ia bem, até que o patrocinador apareceu com a ex-companheira do homenageado, que achou que aquela cena tinha sido uma afronta: resultado, começou um quebra-quebra generalizado que só foi resolvido com a chegada da polícia.

Moral do fato: seja num baile Municipal ou num Mendigal, sempre existe um destaque positivo ou negativo. O acontecimento acima descrito de fato aconteceu e está estampado no segundo caderno do Diário de Pernambuco de 21 de fevereiro de 1968.