sábado, 3 de julho de 2010

Uma Copa pela Paz

Em épocas de Copa do Mundo, as atenções se voltam para um momento único que une, através do esporte, os quatro cantos do planeta em uma festa que celebra a diversidade, o respeito e a alegria entre as nações. O espírito criador do evento, no entanto, remete a 25 anos antes da realização da primeira edição do evento, em 1930 no Uruguai.

Escolhida para ser a sede de um evento que teria como principal intenção a superação dos traumas causados pela Grande Guerra Mundial de 1914-1918, o Uruguai teria a responsabilidade de colocar frente à frente adversários com histórias nem sempre felizes fora das quatro linhas. Era um desafio que estava muito além das fronteiras entre os países - era uma questão, especialmente, humanitária.

De um lado, países com bagagem no esporte, como a Inglaterra e a França; do outro, países em busca de emergência através de suas ideologias políticas transferidas à prática competitiva como Itália e Alemanha. Entre estes, países que buscavam a integração com o mundo europeu e a superação de barreiras históricas marcadas pela velha visão etnocêntrica de mundo. Disputando uma competição em um formato simples, onde todos os times jogavam contra todos, não havia fase eliminatória ou classificatória: o objetivo era vencer as barreiras do esporte e do preconceito, sendo campeões da vida e enterrando de vez um fantasma que havia deixado, 12 anos antes, 8 milhões de mortos.

O estádio Centenário, com estrutura recorde e custos de 1 milhão de dólares na época, foi responsável por ser palco de outra importante celebração: os 100 anos da Constituição Uruguaia. Mesmo não agradando aos países europeus, que teriam que arcar com as despesas da travessia do Atlântico, a Copa estava mantida na América do Sul e teve nos donos da casa os primeiros campeões. A Celeste Olímpica já havia mostrado sua força dois anos antes ao bater nos jogos olímpicos a forte Alemanha por 4x1.

O presidente da FIFA, o francês Jules Rimet, comemorou com bastante fervor o sucesso da Copa. Pena que, 9 anos mais tarde, o ideal da entidade não fosse suficiente para evitar um novo conflito mundial entre as nações, dessa vez ainda mais devastador. No entanto, ficava uma lição: a Copa era o momento máximo do futebol e a principal alegria do povo nos quatro cantos do mundo.