sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

Reforma do Fortim do Queijo - Olinda

Hoje me deparei com uma notícia, novamente no excelente caderno de Vida Urbana do Diario de Pernambuco, que me deixa muito feliz: o Instituto Histórico de Olinda vai comandar a recuperação e transformação do Fortim do Queijo ou Fortim Montenegro em memorial a partir do mês de março.

Fico feliz porque sou, desde criança, um apaixonado por essas explêndidas estruturas chamadas de fortes ou fortalezas. Na minha classificação, são patrimônios materiais que apenas perdem em termos de importância e beleza para as famosas Pirâmides de Gizé, para o Partenon, a Muralha da China e o Coliseu. Pensar um forte como uma estrutura sólida de um tempo onde a tecnologia limitava-se aos recursos locais ou trazidos com muito sacrifício nas embarcações de muito longe é observar mais do que o interesse em ocupar e tomar posse de um local: é enxergar a realidade de uma época, algo que intriga e torna capaz de vivermos novamente a História como um dia ela já foi.

Pois bem, para quem ainda não sabe a que estou me referindo nessa postagem, o Fortim do Queijo fica em Olinda, perto da Praça do Carmo e dos Correios, ali na Av. Sigismundo Gonçalves, logo na entrada da orla. De origem portuguesa e não holandesa, como muitos pensam, o Fortim recebeu esse nome não se sabe bem porquê, entretanto existem algumas possibilidades de explicações como: "havia uma grande quantidade de alimentos ali abrigados" ou "existia uma feira pública nos arredores onde o forte cheiro de queijo chegava até a fortificação", entre outras; há quem também o conheça por Forte Quebra-Pratos, pois quando os canhões eram acionados, os estrondos quebravam pratos nas moradias ao redor. O forte foi estabelecido no governo de Caetano Pinto de Montenegro, ex-Governador de PE durante o século XVII.

Atitudes como essa são importantes por nos fazer preservar essas memórias vivas em nossos locais de vida. Saber que estamos hoje em lugares que foram verdadeiros marcos da História de Pernambuco e do Brasil dá-nos uma satisfação sem tamanho, uma vez que todo pernambucano é ufanista e ama tudo que vem de sua terra. Pena que tão poucos saibam sobre ela, muitas vezes por falta de interesse em querer pesquisar ou saber os reais fatos por trás do que lhes trás o belo.

Além do Fortim do Queijo, Olinda também nos mostrou essa semana com as obras para embutir a fiação telefônica no solo os trilhos instalados para os bondes durante a primeira década do séc. XX (1914) pela então extinta companhia inglesa Pernambuco Tramways Corp.. Realmente estamos vivendo uma fase de efemeridade muito boa nos últimos 10 anos em termos de pesquisas sobre o patrimônio que estava esquecido, apesar de notarmos o Recife e Olinda hoje como retratos de uma época que foi apagada pela modernização (rever minha postagem de algumas semanas atrás). Faltava incentivo (e ainda falta) é bem verdade, mas ONGs estrangeiras estão fazendo um belo trabalho de releitura de Pernambuco, dando com isso um verdadeiro show de cidadania e consciência histórica.

Se puderem, visitem o local. Painéis serão instalados ao final da reforma, contando importantes momentos da história do Fortim e contribuindo para a manutenção da memória de PE viva.

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

Um Homem que também é um número!

Hoje estive resolvendo algumas coisas na rua, sempre bastante atarefado como qualquer professor. Mas, no intervalo de uma das atribuições, abri o Diario de Pernambuco para folhear alguma notícia interessante e particularmente, o caderno de Vida Urbana trouxe uma matéria interessante sobre um homem conhecido como "Vinte Mil".

Por que esse tema num blog de História? Quando falamos em memória, estamos falando de História. Esses dois elementos sempre caminharam juntos em busca de um entendimento maior para a preservação de um povo, um local, uma cultura, enfim. A memória é a mestra das transformações e capaz de tornar um simples fato cotidiano em algo grandioso, dependendo da proporção que toma.

Vinte mil chegou ao HR (para os leigos, Hospital da Restauração) no ano passado, quando sofreu um grave acidente e ficou inconsciente. Depois de dias buscando informações sobre o paciente, os médicos residentes do HR tentaram fazer com que o mesmo se lembrasse de alguma informação que o fizesse se identificar melhor (nome, rua em que mora, data de nascimento, parentes) uma vez que chegou sem nenhum documento. Não conseguindo falar, o paciente apenas pegou a caneta do médico e escreveu, muito pausadamente, o número 20.000 na mão. Desde então, passou a ser conhecido pela única informação que repetia a todo instante: "vinte mil! vinte mil! vinte mil! ".

Veja como a memória é traiçoeira nesses casos. O homem em questão não tem nenhum registro do seu passado claramente em seu presente, parece não saber em que ambiente está vivendo (vive no Hospital há 1 ano e não sai para a rua pois ficaria completamente sem rumo) e não se lembra de ninguém pelo nome, nem mesmo o dele. Os registros mais importantes da História desse homem sofreram uma espécie de arquivamento permanente, onde os médicos não sabem se um dia novamente virão à tona. O mais interessante é como "vinte mil" se relaciona e se refere às pessoas. Quando perguntado sobre qualquer coisa, sempre responde na 3ª pessoa do singular. Informações pessoais também, mas nada que lhe faça referência a seu passado.

Fatos como esse nos fazem preocupar com nossa memória, instrumento tão valioso e tão importante no processo da História de nossas vidas, onde guardamos boas e más recordações, mas também observamos transformações e realizamos analogias sobre "quem fomos" e "quem somos", para buscar um melhor "quem seremos" um dia. A memória de "vinte mil" não foi apagada, mas entrou numa fase de hibernação profunda que fez a História de sua vida tomar outro rumo para, quem sabe no futuro, confrontar-se com seu passado. Até lá, "vinte mil" vive sendo querido por todos e o paciente mais conhecido do HR, sendo inclusive prestativo a todos que por ali passam diariamente.

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

Adiós, amigos!

Finalmente, depois de 50 anos, caiu praticamente o último dos grandes focos do Comunismo ditatorial no mundo: Fidel pede pra sair!

Desde muito, pra dizer a verdade, a queda da URSS (União das Repúblicas Socialistas Soviéticas) que o modelo de governo imaginado por Castro não era lá dos melhores pra se viver. Tudo bem que em alguns setores alcançaram patamares invejáveis de "desenvolvimento", mas no balanço final da qualidade de vida e situação econômica da nação, o Comunismo já era uma fraude há tempos.

Não excluo o fato de que os Estados Unidos tenham sido um estorvo na vida de Cuba durante anos. Acho que a frase usada para o vizinho México ("Pobre México, tão longe de Deus e tão perto dos Estados Unidos") serve também como um "alento" para Cuba tirar, ao menos, 20% do peso do fracasso de seu sistema retrógrado de governo. Enquanto o mundo se moderniza, evolui em termos de tratados econômicos, concordatas e tudo mais, a ilha vive dentro de uma espécie de "bolha de vidro" onde acha que tudo está muito bem e não precisa se alinhar com o mundo exterior. Egocentrismo é bem típico de Ditaduras Fascistas, entretanto Cuba está longe de ser uma (pelo menos durante todos esses anos).

O que Fidel Castro pensou, em 1959, junto com Ernestro Guevara de La Sierna, Camilo Cienfuegos e diversos outros que estiveram na Guerrilha de Sierra Maestra era um sistema que se alinhava com o momento e era realmente o que Cuba precisava para acabar com anos de opressão e descaso por parte da Ditadura de Fugêncio Batista. Porém pensar que esse sistema seria algo perpétuo, que isolaria todos os males políticos que pudessem afetar a ilha de alguma maneira é algo surreal, fora de questão. Fidel insistiu quase 50 anos nesse modelo, nos últimos 3 anos teve a prova concreta de que era preciso, literalmente, "tocar a pedra" e sair fora.

Músicos refugiados, atletas olímpicos, centenas de imigrantes ilegais nas fronteiras mexicanas e no sul dos Estados Unidos. Será mesmo que essas pessoas fugiram por aventura ou para passar férias? Pergunto-me se elas realmente, conhecendo o câncer por dentro, não tinham medo que a metástase se alastrasse mais aceleradamente. Nem todos os países são acolhedores como o nosso, pátria mãe gentil, que recebe os filhos adotados com o mesmo carinho com os quais cria os do próprio ventre, mas uma coisa fica evidente: voltar nenhum deles quer, doa a quem doer.

Assumiu o lugar do velho carcomido o seu irmão, outro que é louco e nem sabe o que está fazendo. De tapa-buraco passou a remendo mal-feito e assumiu um país que, não duvido nada, estoure feito uma bomba. Há os que pensem que, mesmo afastado, Fidel ainda continua no poder; é bem verdade, porém ele não consegue mais articular forças em prol dos ideais que os velhos revolucionários do "Hai que endurecer pero sin perder la ternura jamás" tinham. O sistema vai cair com mais ou menos anos, é esperar pra ver.

No mais quem está rindo é os Estados Unidos. Sabem que um de seus calos da Guerra Fria não tem forças para lhe causar nem mesmo uma frieira e agora vão entrar com tudo fazendo valer mais uma vez a famosa Doutrina Monroe: "A América para os Americanos" (de fato e sem direito). No mais só faltou mesmo o "Adiós, amigos" do ex-presidente e ditador Fidel Castro. Confie que os cubanos não vão sentir falta disso.

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

Neandertal não é humano direto.

Essa postagem é, na verdade, a íntegra de uma matéria publicada no jornal O Estado de São Paulo de 06/06/2006 que achei pertinente trazer para o blog. Ei-la:

Neandertal não era ancestral humano, confirma pesquisa
O homem de Neandertal viveu entre 150.000 e 30.000 anos atrás, na Europa, parte da Ásia e Oriente Médio

PARIS - O homem de Neandertal não é antepassado do homem moderno e representa uma espécie diferente da humanidade atual, o Homo sapiens, confirma análise da seqüência genética neandertal mais antiga já estudada, o dente de um menino de 100.000 anos atrás. "Não há elos entre nós e o homem de Neandertal", explica a responsável pelo estudo, a paleontologista francesa Catherine Hanni, acrescentando que a amostra analisada é bem anterior ao período de coabitação entre humanos e neandertais, há cerca de 35.000 anos.

A análise permitiu conhecer a diversidade genética do homem de Neandertal antes de haver qualquer contato com o homem moderno. Várias análises genéticas de amostras de fósseis, iniciadas em 1997, já revelavam a "inexistência de provas de mestiçagem entre as espécies", lembrou Hanni.

A cientista analisou um dente de criança encontrado em uma caverna de Scladina (Bélgica). O estudo mostrou ainda uma notável perda de diversidade genética na espécie entre o período de que data o dente e pouco antes do desaparecimento do Neandertal, há 30.000 anos, algo "lógico", segundo a pesquisadora, dado o "declínio demográfico da espécie".

O homem de Neandertal viveu entre 150.000 e 30.000 anos atrás, na Europa, em parte da Ásia e Oriente Médio. Já o homem moderno, cujo surgimento data de entre 200.000 e 100.000 anos atrás na África, migrou para a Europa e conviveu, durante um curto período, com o Neandertal.

As conclusões da equipe de Hanni estão publicadas na revista Current Biology.



segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

Crimes em nome de Deus

Essa postagem foi solicitada por minha amiga Isabella Brayner, que mui distante está fisicamente, mas perto está em termos de conhecimento e curiosidade sobre a História.

Hoje, como o título sugere, a postagem é sobre algumas curiosidades sobre o famigerado Tribunal da Santa Inquisição. É notório o mal praticado pela Igreja Católica em toda Europa Média e Moderna um dia, entretando há muitos mitos também sobre sua atuação. Consultando duas obras como referência para os estudos (O Martelo das Feiticeiras e O Manual dos Inquisidores, ambos traduzidos e comercializados pela Editora Record), eis aqui algumas características interessantes:

  • A Inquisição perseguiu e torturou os Tempários acusando-os de crimes sem nexo, como pedofilia, homossexualismo e heresia para com a figura de Cristo. Era muito improvável que eles tivessem praticado esse tipo de crime, uma vez que eram servidores da Ordem Católica e devotos fervorosos de suas convicções religiosas;

  • Entre os métodos de tortura mais comuns praticados pelos inquisidores (questionadores) estavam o interrogatório marcado (as perguntas induziam o acusado a responder o que os inquisidores desejavam ouvir); a cama de madeira que esticava os membros até deslocá-los do corpo; a barra de ferro em brasa próxima ao corpo ou marcando (usava-se também uma colher em brasa para a língua); o "fura-bruxas", um sistema de facas que procurava a "marca do demônio" no corpo da mulher acusada; o sexo forçado feito pelas ditas "bruxas" com os padres confissores; a ponta de ferro, cujo(a) acusado(a) ficava suspenso por cordas e com uma afiada ponta de ferro introduzida em seu ânus até a morte (detalhe, havia até platéia para observar a tortura); a cadeira da morte, cujo acusado era colocado com as mãos para trás atadas, o pescoço preso a uma corda em um bloco de madeira e outro bloco prendendo os pés (como o dos escravos) e estes expostos a carvão em brasa para queimar a sola dos pés; a famosa fogueira em praça pública; o arremesso das bruxas, de onde jogavam-se as mulheres de um lugar extremamente alto capaz de fazê-las morrer quando do impacto com o solo; a estaca no peito, entre outros.

  • Detalhe importante: todo herege julgado pela Inquisição nunca voltaria a ter sua vida normal. Mesmo que passado pelo crivo mais cruel do Tribunal, sempre haveriam seqüelas das torturas que o impediriam de viver.

  • Existiram de fato dois tribunais da Inquisição: um durante a Idade Média, cruel; e outro sanguinário e extremamente impiedoso durante a Idade Moderna.

Bem, espero ter podido ajudar com essa curiosidade sobre a Igreja Católica e espero que não confundam o que foi feito um dia com o que é feito hoje. Lembrem que os tempos são outros e os conceitos também. Oficialmente o Tribunal da Inquisição foi extinto há anos, entretanto nada impede que, dentro de uma determinada necessidade, ele seja reativado. Vamos torcer para que não!

Outras sugestões de temas ligados à Heresia e Igreja Católica que vocês podem pesquisar: Os Cátaros, Os Valdenses, O Luteranismo, O Calvinismo, O Anabatismo e o Presbiterianismo.

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

A Casa Preta e Branca... ou de saia, talvez.

Primeiramente, gostaria de pedir desculpas pela atualização só estar sendo feita hoje. Essa semana foi deverasmente corrida com a volta às aulas das redes particular e pública, o que consumiu minha vida por demais. Mas não esqueci que somos mochileiros da História e hoje trouxe uma discussão a respeito das prévias eleitorais para a Casa Branca (EUA), que aparentemente não nos envolve diretamente (digo, pensando em termos de Brasil), porém não é bem por aí.

Desde que foi anunciada a "Nova Corrida pelo Ouro" nos EUA (digo, corrida para chegar ao posto mais cobiçado da política mundial atualmente - o de chefe da nação "mais poderosa" do mundo atual) que vejo 3 realidades diferentes nos candidatos mais cotados para disputar as reais eleições no segundo semestre: temos um ex-combatente do Vietnã (Senador John McCain - Partido Republicano), um negro que tenta contradizer o histórico racista da sociedade norte-americana e ser o primeiro a ocupar o posto de Mr. President (Barak Obama - Democrata) e a ex-primeira dama Hillary Clinton (também Democrata, ficou conhecida como a mulher traída pela secretária particular do ex-presidente e ainda atual marido, Bill Clinton).

Conversando com outros companheiros de trabalho da área de História dos colégios que trabalho, percebi que todos nós temos uma leve simpatia (perceba o leve...) pelo candidato que DEVE vencer o pleito em outubro. No nosso entender, Obama é o mais capaz para ocupar o cargo tendo em vista que a antiga estrutura do "Império Americano" começa a ruir cada vez mais rápido por conta desse governo de velhos dinossauros (Gerontocracia). Um filho de imigrantes nascido na América tem a chance de poder fazer a história norte-americana mudar completamente e sair do foco da Guerra contra o Terrorismo e deixar de lado essa estupidez em não concordar com a assinatura do Protocolo de Kyoto, contribuindo na luta contra o Aquecimento Global.

A sociedade americana cansou de seus velhos ídolos e está dando provas disso. As eleições nos EUA esse ano tem tudo para serem as mais disputadas depois da fraude de George W. Bush contra Al Gore em 2001. As mulheres, apesar de desejarem a primeira comandante do "sexo frágil" na Casa Branca, não devem ver, ao menos agora, seu sonho realizado, pois pelo que a maioria da sociedade sinaliza, a Casa Branca deve ganhar tons pretos em busca da construção e solidificação de uma nação que se julga dona do mundo atual e representa os melhores exemplos de sociedade organizada do globo, mesmo que para isso tenhamos que ignorar acontecimentos como maníacos invadindo universidades e matando uma série de jovens e depois cometendo suicídio.

Enfim, a eleição americana ainda vai render muito pano pra manga. Vamos pagar pra ver. De qualquer forma, o novo Presidente vai encarar dois grandes problemas: a crise econômica e o problema da imigração ilegal no país. Entretanto, importante mesmo nisso tudo é saber de que lado nosso excelentíssimo Presidente (o Sr. Lula Molusco) estará ao final de tudo isso: se do nosso ou abrindo espaço para o novo comandante da América (pelo menos do Norte).

Abaixo imagens dos presidenciáveis:



Obama e Hillary Clinton se cumprimentam nas prévias eleitorais dos Democratas.


John McCain ainda corre contra o favoritismo dos Democratas, buscando apoio do atual Presidente para manter os Republicanos no poder por, pelo menos, mais 4 anos.

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

O Verdadeiro Recife

Fim de semana se aproximando, resolvi vasculhar sobre um tema que fosse interessante de se falar hoje, postagem última de uma semana curta que se foi como o carnaval: rápido demais. Enquanto saímos da folia de Momo e já observamos a chegada dos ovos de Páscoa nas prateleiras dos supermercados (eita país cheio de feriado da gota...), decidi postar sobre algo que recebi há algum tempo no meu e-mail.

O título da postagem não é por acaso: o verdadeiro Recife, o Recife de Manuel Bandeira, de João Cabral de Mello Neto, de Dantas Barreto, do Conde da Boa Vista e de tantos outros não existe mais. Recife esse que também era da minha bisavó, do meu avô, que com saudade viu fotos antigas aqui em casa por mim mostradas. Hoje passamos nas ruas, entrecruzamos becos e vielas como os antigos, mas não vemos nem respiramos mais o Recife de outrora. A modernidade acabou com a beleza natural de nossa cidade, fazendo construções imponentes e marcantes durante décadas virem abaixo em prol dos valores comerciais e dos interesses políticos.

Muitos aqui nunca ouviram falar em Arranha-céu da Pracinha, Casa de Banhos, Casa do Navio, Grande Hotel, o Campo de Pouso do Ibura, enfim, lugares que deram espaço para o surgimento de um Recife pronto para o tempo louco e corrido que vivemos; um Recife marcado de efemeridade e saudosismo; um Recife com cara de Pernambuco mesmo. Eu não consegui ver muitos desses locais, outros consegui e estive lá quando menino e admito: preferia o Recife do meu avô ao que tenho hoje. O Recife de hoje deixou de ser um lugar seguro, um lugar onde meu filho pode brincar na rua até tarde com o vizinho, onde as pessoas podem se entrecruzar nas ruas sem medo, para ser um lugar sombrio, onde todos se recolhem cedo e os estranhos nem trocam por educação os costumeiros bom dia, boa tarde e boa noite.

Estamos entrando no fim de semana e essa reflexão cheia de saudade é também para que pensemos: falamos tanto que somos diferentes dos paulistas, cariocas, mineiros, gaúchos, mas estamos vivendo nos mesmos moldes globalizantes deles. Então, pensando bem, no que somos diferentes? Apenas nas manifestações culturais?

Um abraço grande a todos e um bom final de semana! Próxima atualização na segunda!

PS: deixo uma lembrança aos visitantes... algumas fotos do Recife de ontem. As fotos são do Centro da Cidade.




quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

Dom Hélder: o Dom da Paz

O post de hoje tem 2 objetivos: primeiro, agradecer as visitas e comentários sobre o blog que já andei recebendo no próprio blog e em meu e-mail. Continuem visitando, pois esse é um espaço feito por vocês e para vocês. O segundo objetivo está no título - hoje inicia-se oficialmente pela CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) as comemorações acerca dos 100 anos de Dom Hélder Câmara, também chamado de "O Dom Da Paz".

Você pode estar se perguntando: por que falar de Dom Hélder com tanto a dizer? Primeiro, porque Dom Hélder foi um homem que, acima das iniciativas da Igreja Católica, teve um lado humanitário extraordinário. Conheço pessoas que estiveram ligadas diretamente a ele, fosse através de trabalhos na Arquidiocese de Olinda e Recife ou através da JUC (Juventude Universitária Católica) durante os anos 60, 70. Pena que seus feitos, iniciados dentro de uma perspectiva mais progressista, não foram levados em consideração durante muito tempo, sendo o mesmo visto como alguém propenso ao Comunismo, o que para a época era algo inadimissível, uma vez que o mundo vivia a Guerra Fria.

Segundo, porque comemorar a passagem de Dom Hélder (e ano que vem, se estivesse vivo, completaria 100 anos), é um acontecimento marcante não somente para o Recife, mas para o Brasil como um todo. Para quem se lembra, na sua penúltima visita ao Brasil, o ex-Papa João Paulo II encontrou-se com o Dom, que emocionado, não conteve as lágrimas ao dizer que aquele era um acontecimento único em busca de uma maior união em prol do ideal católico de levar a palavra de Deus a todos os brasileiros e, porque não, todos os povos.

Dom Hélder nos deixou em 1999, mas sua obra, apesar de tentar ter sido apagada pelos conservadoristas da Igreja como o atual Dom José Cardoso Sobrinho, representante da Arquidiocese de Olinda e Recife desde a destituição do "Dom da Paz", permanece até hoje no coração daqueles que consiguiram compreender sua mensagem de amor e fé em busca de um mundo mais justo e pensado nas causas humanas, coisa que falta e muito nos tempos atuais, onde pessoas morrem por causas fúteis e estragam suas vidas com drogas e bebidas. De onde está, creio que Dom Hélder ainda acredita no rebanho, mas vê que poucos são os homens de fé que ainda crêem que a palavra divina tem força.

Deixo a vocês uma pequena biografia de Dom Hélder feita pela competente FUNDAJ em seu site: http://www.fundaj.gov.br/notitia/servlet/newstorm.ns.presentation.NavigationServlet?publicationCode=16&pageCode=301&textCode=939&date=currentDate

Bom resto de semana a todos, verdadeiramente agora depois de tantos feriados!

terça-feira, 5 de fevereiro de 2008

A História através das ondas do Rádio

A postagem de hoje vem aqui trazer um serviço de conhecimento útil transmitido todas as quartas-feiras pela Rádio Universitária AM (820 mhz) - é o programa QUE HISTÓRIA É ESSA?, que é comandado pelo prof. Biu Vicente da UFPE e conta com convidados da área e também de outros segmentos que trazem sempre um rico debate sobre temas das mais variadas naturezas.

Agora no mês de Fevereiro, o programa preparou uma pauta toda especial. Confira as datas e os convidados para os próximos programas:


  • 06 de fevereiro: Carnaval
  • 13 de fevereiro: Profª. Maria Lana – I.H.O
    Jailson Paz, Jornalista e Mestre em História
  • 20 de fevereiro: Profª. Maria de Jesus – F. F. P. Goiana
    Prof. Lucas Victor – UFPE
  • 30 de fevereiro: Profª. Sueli Almeida - UFRPE
    Profª. Giselda - UFPE

Lembrando que o programa também é feito pelos ouvintes, que podem mandar sugestões de temas e opiniões sobre os programas. Basta enviar um e-mail para historia820am@yahoo.com.br contendo comentários, críticas, sugestões ou qualquer tipo de material interessante que seja abordado pela temática do programa.

Aproveitem e divulguem esta idéia, inovadora e muito rica que, com certeza, contribui para levar cultura e informação a quem pouco tem acesso a ela.

A nossa vida é um carnaval...

Abrindo a Mochila da História nesta primeira viagem que vamos fazer ao longo dos anos por vir, decidi escolher essa festa entitulada de Carnaval para falar um pouco do que tenho como visão e experiência do mesmo.

O título da postagem foi uma lembrança que tive da música de Moacyr Franco (um cantor que certamente os mais novos não estão tão habituados a ver, a menos que assistam ao programa A Praça é Nossa) quando ele diz na música Turbilhão: "A nossa vida é um carnaval... a gente brinca escondendo a dor [...]". Parei para pensar e comentei comigo mesmo, depois de ler a postagem do blog do prof. Biu Vicente, da UFPE - realmente, vivemos em torno de uma festa onde, antigamente, nossos pais e avós brincavam 3 dias e se davam por felizes; hoje, brincamos 5 dias, por vezes 6 e outros 30 (danou-se!!) e nem mesmo assim parece ser suficiente para escondermos nossos problemas, nossas angústias, nossas aflições. Será mesmo que, nos dias atuais, as festas só servem para esconder a dor? Se for assim, eu quero trabalhar o ano inteiro sem festas...

O Carnaval surgiu no meio do povo minha gente, como uma manifestação de quem queria festejar, compartilhar alegria com o outro, tanto que foi feito no meio da rua e não dentro de salões apenas (apesar de existirem exemplos na França e Itália, antes do famoso carnaval de Veneza, durante o século XVI). O carnaval enquanto festa é sinônimo de uma manifestação de um povo que deseja sorrir sem se preocupar, que faz da fantasia mais irreverente a mais original, que tira do desconhecido a atenção e a vontade de ser fanfarrão também, enfim, é uma parte de cada um, é uma brincadeira acima de qualquer coisa.

Quando eu coloquei o título foi porque o carnaval hoje é usado como uma espécie de remédio sabe? Algo que parece que existe somente para muitos passarem por cima dos problemas e cair na folia esperando depois de 5, 6 dias apagar tudo da vida. Não é bem por aí, quem é inteligente sabe bem que não é se escondendo de papangu ou de super-herói que as coisas vão mudar. E enquanto a gente se diverte, que tá cheio de gente trabalhando por nós no carnaval também? Será que alguém parou para pensar nisso? Eles também não têm direito de brincar e fazer da vida deles, pelo menos por um dia, um carnaval? Pois é...

Tudo isso só me deu saudades dos carnavais de quando eu era menino em Maceió, Alagoas. Ah tempo bom que a gente ia pro clube municipal vestido de super-herói dos anos 80 para soltar confete e serpentina ao som de marchinhas, sem violência ou medo de brincar. Hoje em dia, os super-heróis ou ficam na Sala da Justiça ou então atendem pelo nome de GOE, Polícia Civil, Militar e Batalhão de Choque. Ah que saudade do tempo que eu era menino viu?!

Enfim, espero que o carnaval, hoje manchado pelo sangue da violência em vez do colorido das fantasias, volte um dia a ser uma festa de pierrôs e arlequins... com colombinas a sorrir e crianças por todos os lados. Só assim poderei dizer a meus filhos o que é de verdade o carnaval.

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008

Boas vindas aos mochileiros historiadores!!

Nessa primeira postagem no meu blog, que pretendo dessa vez tocar como um projeto para posteridade, uma vez que abandonei o mesmo outras vezes, gostaria de falar um pouco sobre o que pretendemos ter como proposta de postagens futuras, além (é claro) de dar a todos as boas-vindas.

O título do Blog não podia ser mais sugestivo: através de um discurso bem humorado, leve e de linguagem fácil pretendo levar ao leitor desse blog conhecimento e utilidade dentro dos conteúdos ligados à ciência História e tudo que a cerca, suas áreas de interesse, enfim, fazer do blog um espaço inovador no sentido de se informar e descontrair.

Como antes comentado, tive outras vezes a proposta de manter no ar um blog sobre História, mas na verdade a falta de tempo que gira em torno da vida de um professor é latente na maioria das vezes e o impossibilita de querer ansiar por fazer seus mais íntimos lazeres. Escrever para mim sempre foi um hobby e espero poder contribuir para uma prática pela leitura sem compromisso, por puro interesse de querer estar interagindo com a novidade e o desejo de saber mais um pouco, somente. Da mesma forma estou aqui para aprender, para trocar conhecimento com os leitores, desde que façamos isso com base correta para depois não cairmos em discussões bobas sobre os temas aqui versados.

No mais, este será um espaço aberto a críticas, sugestões e ajuda por parte desse que vos escreve e quem desejar divulgar eventos, realizar parcerias (desde que a temática não fuja do propósito) ou algo do tipo, sinta-se a vontade para me contactar.

Enfim, espero que esse seja um espaço aberto para todos que, assim como eu, são amantes da História e dela tiram lições de como entender o mundo e a realidade que está por vir, baseado nos fatos diante mão observados.