quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Conhecendo mais da Ditadura

Como todos sabem, minha área de concentração em pesquisas é o período da Ditadura Militar. Não nego o interesse por um período da História Brasileira onde ainda se há tanto a descobrir e, ao mesmo tempo, as autoridades insistem em esconder. Hoje, posto aqui dois sites que penso ser interessantes para que haja um maior conhecimento público de alguns projetos que trabalham para esclarecer o período.

O primeiro dos sites é o Memórias Reveladas (http://www.memoriasreveladas.arquivonacional.gov.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?sid=43), uma iniciativa do Governo Federal em parceria com empresas estatais e de economia mista que pretende garantir o direito à vida e à verdade, apresentando documentos, nomes e listas de desaparecidos políticos do período. Infelizmente, por falta de verba federal, o projeto teve que ser interrompido e não se sabe quando ou se será retomado. Uma pena, realmente.

O segundo é o Memória da Censura no Cinema Brasileiro (http://www.memoriacinebr.com.br/default.asp) que é um projeto de iniciativa privada voltado para a divulgação de documentos oficiais arquivados pelo DEOPS (DOPS) sobre algumas das mais importantes produções cinematográficas do país que foram alvo da censura durante a Ditadura Militar. O site traz informações valiosas dos filmes, bem como a possibilidade de compra de um DVD com todo o acervo disponível para consulta fora da internet. Vale conferir!

É mais antigo do que as mulheres pensavam...

É fato que toda mulher, ainda adolescente, fica incomodada com uma coisa chamada de ciclo menstrual. Fator causador de vários efeitos colaterais, a substituição hormonal feminina também foi um tormento para as mulheres no passado e a História atesta isso em suas páginas culturais.

Ainda por volta do ano 2000 a.C. já eram conhecidas na China técnicas para tentar controlar o fluxo sanguíneo proveniente da menstruação. Os primeiros absorventes eram feitos com volumosos chumaços de algodão amparados por pedaços de madeira em forma de minicubo, suficiente para que a mulher colocasse entre as coxas e pudesse deslocar-se sem problemas, ao mesmo tempo convivendo com o "incômodo sangramento".

Após a mudança das etapas da História, as técnicas foram as mais diversas: desde chás e bebidas que prometiam retardar o ciclo e as dores, até compressas com toalhas quentes, chegamos ao século XIX, onde o absorvente fez as coisas parecerem mais simples. Embora os primeiros absorventes não tenham sido no tamanho ideal e dado o conforto necessário às usuárias, não podemos negar a melhoria das formas de conviver com as alterações corporais femininas.

O século XX, século das invenções marcado pela alta tecnologia até então na História, aperfeiçoou os materiais e deu o tão sonhado conforto aos absorventes com a técnica das abas duplas. Hoje, apesar do "problema" ser tão antigo, as mulheres agradecem à indústria pela tentativa de lhes facilitar o convívio com esta etapa biológica.

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Uma família fadada ao destino

O título da postagem refere-se, nada mais, nada menos do que à família Kennedy. Entre uma trajetória vitoriosa na vida política norte-americana ao fracasso envolvendo acidentes e doenças terminais, os membros dessa dinastia se fizeram presentes na História de maneira decisiva.

Desde o mais conhecido, o presidente John Fitzgerald até o senador Bob Kennedy, morto há 20 dias vítima de câncer, o que podemos pereber da família Kennedy é que os seus membros traçaram um perfil de políticos carismáticos, incisivos, decididos e vencedores em suas vidas. Porém é preciso haver humildade também na política, coisa que faltou a esses homens e os mesmos acabaram incluindo insucessos nas suas alíneas históricas. Escândalos amorosos, fraudes e sonegações, livros e revistas contando suas intimidades foram alguns dos aspectos negativos que puderam jogar uma pá de terra na imagem desses homens.

Entretanto, os Kennedy se tornaram mitos não somente por serem polêmicos, ousados ou participado de importantes momentos da História: mas sim por serem pessoas de alma fraca, pequena, de se conformarem com as coisas que se sucediam como se fossem transcursos naturais da vida. A inércia é um dos males da personalidade, pois outras pessoas podem se aproveitar disso e fazer de suas pretensões armas para destruir imagens que demoraram anos para serem consolidadas. Com os Kennedy não foi diferente: John fora assassinado friamente, o irmão mais velho teve um fim trágico em um acidente aéreo e o irmão mais novo foi vítima de sucessivos escândalos na imprensa norte-americana.

De toda forma, os Kennedy são exemplos para o povo dos Estados Unidos e modelos de governo. Os "queridinhos da América" serão, por muitas vezes, lembrados como heróis por boa parte do povo americano que ainda deve manter vivo esse mito durante mais algumas décadas até que a família desista desse status publicamente construído.

sábado, 1 de agosto de 2009

As Escolas Históricas

Atendendo a um pedido de Igor, vou falar um pouco sobre os Annales na postagem de hoje. Esse é um tema bastante debatido na academia e sempre está sendo alvo de novas leituras pelo interesse que desperta na comunidade de historiadores.

Antes de tudo, é preciso explicar o que significa uma Escola quando nos referimos a Escolas Históricas. Nesse sentido, uma Escola seria um grupo de pensadores que desenvolvem modos de enxergar e escrever diferentes do tradicional para diversificar o conhecimento histórico. A mais famosa das Escolas de pensadores da História é a dos Annales.

Nascida no início do século XX, a École dos Annales tem uma forte tradição francesa, sobretudo de historiadores que procuraram fugir do tradicionalismo da História Política dos grandes feitos dos reinos e impérios, dos grandes vultos da História, das grandes batalhas e revoluções - o que também é chamado de Escola Tradicional ou Evementiélle. A intenção dos Annales é observar os pormenores da História, os excluídos, aqueles que foram esquecidos pela Historiografia (a forma como se escreve a História) Oficial até o século XIX.

Notabilizaram-se por serem grandes pensadores dos Annales: Fernand Braudel, Marc Bloch, Jacques LeGoff, René Remond, entre tantos outros. Os referidos autores exploraram conhecimentos como a História das Crianças, das Doenças, da Memória das pessoas que viveram uma época, das Culturas, entre outras leituras importantes e diferenciadas da História. Ganharam projeção e respeito, sobretudo na França e na Inglaterra.

A partir dos anos 1960, portanto quarenta anos depois de sua fundação, a Escola dos Annales passou pelo que nós chamamos de "virada linguística", observando o surgimento de uma intersecção entre a Literatura e a História, revendo a forma como esta era escrita a partir da Análise de Discurso (forma como se entende a montagem e as características de um texto, bem como seu sentido explicativo). A História então passou a receber importantes contribuições do pós-Estruturalismo e do Pós-Modernismo, especialmente pelos estudos de Michel Foucaut e de Michel de Certeau. Outros foram igualmente bastante importantes, como os ingleses E.P.Thompson e o marxista Eric Hobsbawn.

Assim, uma Escola Histórica tem por finalidade analisar, esmigalhar, destrinchar a História em suas mínimas partes, em seus mínimos detalhes, sempre utilizando-se de ferramentas que possam promover uma interatividade de conhecimentos que enriqueçam seu trabalho. Atualmente, a História vive uma relação muito forte com a Literatura e as produções têm se voltado bastante ao discurso crítico.

O mais importante é a forma e a importância dada pelos Annales ao trabalho do Historiador. Certa feita, essa semana em minhas leituras vi que o historiador italiano Carlo Ginzburg disse que "o historiador nunca é estranho ao seu tempo". Se o historiador não estiver atento aos pormenores da História, bem como ser conhecedor de uma boa técnica de investigação, de busca dos fatos, assim como tiver uma escrita fácil e bastante apurada, ele sempre estará dando voltas em círculos e não trará nenhum conhecimento realmente relevante para a historiografia, apenas discutindo o que já foi produzido.

Foi a partir desse aprendizado que escolhi meu tema de mestrado: Os Brincantes do Silêncio - A atuação do Estado Ditatorial no Carnaval do Recife (1968-1975).

segunda-feira, 27 de julho de 2009

A importância de uma bandeira

Estive pensando num post diferente para essa semana e me ocorreu de pensar nas famosas bandeiras. No alto, imponentes e soberanas, demonstrando poder ou a meio pau, homenageando alguém que se foi, as bandeiras sempre fizeram parte da vida dos Estados enquanto símbolos autênticos de representação da força de uma nação e poder político.

Relemebrando alguns momentos onde as bandeiras fizeram diferença e apareceram de maneira a serem lembradas na História, considero seis bastante decisivos:

1 - Durante a Guerra dos Cem Anos, quando Inglaterra e França duelaram no confronto de Orleans e Joana D'Arc empunhou a bandeira francesa como símbolo de representação da casa de Capeto;

2 - Durante a Guerra de Secessão Americana, quando duas bandeiras, a da Federação e a da Confederação, lutaram para representar uma nação, um país unificado e independente de fato e direito com símbolos dignos de demonstrar uma organização de Estado real;

3 - Durante a Revolução Pernambucana de 1817, quando os revolucionários imaginaram cada símbolo constante na bandeira de Pernambuco que tivessem identificação com as coisas da terra e seu povo, bem como pudessem representar a soberania do Estado e o espírito de luta e bravura;

4 - Durante a Segunda Guerra Mundial, em especial após a Batalha de Iwo Jima, quando os americanos fincaram a bandeira de seu país em solo japonês e decretaram, a partir dali, o destino do conflito;

5 - No processo de redemocratização brasileiro após 1985, quando a bandeira foi pras ruas pedir as Diretas Já!, a Anistia aos presos e exilados e a retomada do espírito de ser brasileiro, de lutar e nunca desistir de construir, acima de todas as adversidades, um país melhor;

6 - Na Revolução Francesa, sendo que o azul representa o poder legislativo, branco o poder executivo e o vermelho o povo, os três dividindo igualmente o poder através dos lemas Liberdade, Igualdade e Fraternidade.

Pode haver mais exemplos, mas os já citados demonstram que há uma completa identificação entre a nação e seus símbolos desde que os Estados Nacionais se fizeram representações de um determinado local, a identificação de um povo, a forma traduzida em objeto de poder. A onda que varreu o mundo na segunda metade do Século XIX com a "Primavera dos Povos" foi a grande responsável por tal feito que se cristalizou e despertou o senso de reconhecimento de cada membro que compõe uma nação naqueles símbolos, dotados de grande poder e imponência ainda nos dias atuais.

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Jogos Históricos

Estive lendo uma matéria na Revista de História da Biblioteca Nacional (por sinal, a melhor do gênero, superando de muito longe a História Viva e a Aventuras na História) sobre jogos que tentam ensinar o que é a evolução histórica dos acontecimentos. Nisso me veio uma conversa que tive no sábado à noite com um colega pelo msn justamente sobre isso.

Aprender sobre acontecimentos históricos é sempre um desafio e aprendemos isso no curso desde cedo. Investigar não é uma tarefa fácil: requer aplicação, disponibilidade de tempo e paciência para escolher as melhores fontes e realizar uma pesquisa que seja relevante para a formação de um conhecimento válido e diferenciado do que já existe, ou seja, é necessário fazer uma releitura daquilo que "já foi dito" anteriormente.

Esses jogos, como Age of Empires (em suas três versões), Rise of Nations, Civilization, entre outros só fazem confundir a cabeça dos amantes por games. É fato que muitos personagens são reais e até certo ponto localizados corretamente em seus contextos, mas desde quando podem os russos colonizar o Brasil? Como é que o Japão pode ter vencido a I Guerra Mundial? De que maneira os índios teriam construído as pirâmides do Egito? São distorções absurdas que desafiam a lógica dos fatos sem nenhuma propriedade simplesmente pelo lado lúdico.

O problema, neste caso, não está no lúdico, mas sim em tomar este como aprendizado maior do que as fontes bibliográficas. Nenhum conhecimento cibernético pode ser 100% confiável a menos que as fontes de pesquisa estejam citadas. É bem diferente do que acontece num blog como o Mochila, por exemplo: aqui, eu posto informações de cunho histórico que realmente estão nas fontes, mas com meu parecer, numa escrita livre, totalmente descompromissada com rigores acadêmicos. Eu poderia citar as fontes? Poderia. Mas quem vem a este espaço quer uma leitura leve, descontraída, por isso deixo a indicação somente para quem achar que precise.

Voltando ao assunto dos games, eu penso que esse cuidado em não distorcer a História de fato, especialmente a História do Tempo Presente (séculos XX e XXI), deveria ser uma preocupação de empresas que elaboram esses jogos como a Eletronic Arts, por exemplo. Informar e divertir sempre foram uma ótima ideia, desde que essa seja feita da maneira a aprender com uma nova didática.

Nesse sentido, sou totalmente favorável aos "jogos históricos".

terça-feira, 21 de julho de 2009

O salto gigantesco da Humanidade

Há 40 anos, comemorados no dia de ontem, o Homem havia tido a maior de suas conquistas no espaço até o tempo presente: tocar o solo lunar e pode explorá-lo, fincar a bandeira do seu país naquele local e transmitir tudo ao vivo, para o mundo contemplar, foi um acontecimento que marcou época até o dias atuais. Depois daquele 20 de julho de 1969, o espaço nunca mais foi o mesmo.

Ainda gerando desconfiança da parte de alguns e creditados por tantos outros, os três astronautas que participaram da inigualável missão da Apolo 11, Neil Armstrong e Michael Collins, hoje com 78 anos, e Buzz Aldrin, com 79 deixaram várias indagações no ar que ainda hoje buscam ser respondidas pelos mais incrédulos. Entretanto a ciência já buscou demonstrar que o fato aconteceu mesmo mediante a prova de simples questionamentos como a falta de ventos tremulando a bandeira, a sombra de Armstrong, entre outros.

Recebidos com honrarias no dia de ontem pelo atual presidente dos EUA, Barack Obama, os astronautas ficaram bastante emocionados e a NASA revelou que pretende realmente enviar uma nova expedição à Lua, desta vez em 2020. Há aqueles que prefiram a "conquista" de Marte, porém este é um projeto que carece, além de subsídios altíssimos, de um maior estudo sobre a estrutura do "planeta vermelho".

É certo que os recursos hoje em dia são empregados mais por quem deseja fazer a guerra e não a paz e progresso científico para o bem da humanidade, contudo não podemos esquecer que, se a humanidade realmente deu este grande salto para sua história, isso se deve ao fato de que homens desbravaram o que parecia impossível e inútil para uma época, mas que refletiu positivamente no curso futuro daquele ano de 1969.

E você, acha que realmente o Homem pisou na Lua? Deixe sua resposta nos comentários! ;)

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Um bode como ícone


O mais gostoso de se viajar e conhecer outros lugares é saber um pouco mais não somente da história daquele lugar, mas principalmente de sua tradição popular. Estando em Fortaleza-CE na semana passada, me deparei com um fato, deveras, muito curioso.

Os cearenses, no início do século XX, veneravam um bode como símbolo maior e mascote da cidade. Por incrível que pareça, a história do animal (bem como o mesmo, devidamente empalhado) está no Museu do Estado do Ceará para quem quiser ver. O bode atendia pela alcunha de Ioiô e supostamente teria chegado à cidade pelas mãos de um tropeiro ainda em 1905.

Resistindo ao tempo, circulando pelas ruas, o bode foi ganhando a simpatia do povo cearense e transformou-se no mascote oficial da cidade. Até mesmo os jornais exaltavam a figura do animal que virou celebridade rapidamente, contrariando as leis sanitárias e urbanísticas da Fortaleza de 1920.

O bode veio a falecer por volta do final dos anos 30 do século XX, mas deixou muitas lembranças e muitas andanças pelas ruas da antiga Fortaleza, bem como alimentou diversas histórias do cancioneiro popular cearense.

segunda-feira, 13 de julho de 2009

No Chuí, quem canta de galo não é Guarani...

Atendendo a pedidos, a postagem de hoje, diretamente aqui de Fortaleza, no XXV Simpósio Nacional de História da ANPUH, vai ser sobre os Sete Povos da Missões e os conflitos conhecidos como Guerras Guaraníticas.

Tudo tem início ainda no século XVII, como consequência da saída holandesa do Brasil e a expansão para o Sul, promovendo a reconfiguração do mapa da América Latina. A assinatura, em 1750, do chamado Tratado de Madri revelou que Portugal, em sua ânsia por ouro, não respeitava mais os limites de Tordesilhas e Espanha, no seu papel de defender suas "conquistas" territoriais, mas ao mesmo tempo não desejando entrar em conflito com seu vizinho ibérico, resolve por as "cartas na mesa" e reconfigurar o mapa.

A dificuldade encontrada para os entendimentos eram, basicamente, três: a instalação de fortalezas e fortes por Portugal em locais como SC, MT, RS, MA e PA; a forte presença da etnia nativa tupi-guarani na região; e a vontade lusa em encontrar ouro na região. Não foi fácil unir os interesses ibéricos e sobrepô-los, inicialmente, aos nativos e, como se os problemas já não fossem muitos, também à Igreja Católica, que tinha interesses na região mais extrema do continente onde possuía importantes aldeiamentos chamados de missões. Entre as missões mais famosas está a de Desterro, hoje localizada no estado de Santa Catarina e a maior de todas e palco de importante conflito: a de Sete Povos das Missões, no atual território do Rio Grande do Sul.

Pois bem, após o Tratado de Madri, novas questões territoriais envolvendo as coroas ibéricas, os nativos e os jesuítas provocaram a assinatura de novos acordos: Santo Ildefonso, Badajós, Utrecht e El Pardo vieram colaborar para que tanto a Colônia de Sacramento (território no atual Uruguai) e Sete Povos das Missões fossem, por diversas vezes, repartidos e trocados entre Espanha e Portugal, até que o destino designasse que Espanha ficaria com o primeiro e Portugal com o segundo, como era originalmente. Como dito mais acima, um dos maiores fatores que contribuiu para tal foram as Guerras Guaraníticas.

Pelo que o nome sugere, tais guerras representaram o conflito entre as coroas ibéricas para deslocar as comunidades nativas de seu território, extinguindo o aldeiamento de Sete Povos das Missões e expulsando os jesuítas da região. Liderados por Sepé Tiaraju, os guaranis se envolveram em sangrentos combates, pois não desejavam as mudanças a eles impostas e que resultaram na morte de diversos membros da etnia durante três anos (1753 a 1756), incluindo seu líder, que havia recebido a cultura européia e era um homem que transitava entre o mundo nativo americano e o mundo europeu com certa facilidade. Sua morte representa atualmente o dia do índio (19 de abril) e serve de consciência para o que aconteceu na região.

Aliados covardemente, os países ibéricos realizaram as modificações na região, que mais tarde acabaram por não dar certo e depois de alguns anos, tudo voltara a ser como antes, menos para os nativos e os jesuítas, que apesar de controlarem os aldeiamentos e terem o apoio dos nativos guaranis, também eram vítimas das leis da época, conhecidas por Ordenações.

sábado, 4 de julho de 2009

Frase da Semana

Para pensar, rir e até mesmo sentir raiva:

"O Congresso Nacional é um local que: se gradear vira zoológico, se murar vira presídio, se colocar uma lona em cima vira circo, se colocar lanternas vermelhas vira puteiro, e se der descarga não sobra ninguém."

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Rifa do Burro

Como este blog também é um espaço para causos e ontem completamos 15 anos do Plano Real, estou postando este curioso causo que recebi por e-mail. Sensacional por sinal, apreciem! Chama-se A Rifa do Burro:

Certa vez quatro meninos foram ao campo e, por R$ 100,00, compraram o burro de um velho camponês. O homem combinou entregar-lhes o animal no dia seguinte. Mas, quando eles voltaram para levar o burro, o camponês lhes disse:

- Sinto muito, amigos, mas tenho uma má notícia. O burro morreu.
- Então devolva-nos o dinheiro!
- Não posso, já gastei tudo.
- Então, de qualquer forma, queremos o burro.
- E para que o querem? O que vão fazer com ele?
- Nós vamos rifá-lo.
- Estão loucos? Como vão rifar um burro morto?
- Obviamente, não vamos dizer a ninguém que ele está morto.

Um mês depois, o camponês encontrou novamente com os quatro garotos e lhes perguntou:

- E então, o que aconteceu com o burro?

- Como lhe dissemos, o rifamos. Vendemos 500 números a 2 reais cada um e arrecadamos 1.000 reais.
- E ninguém se queixou?
- Só o ganhador, porém lhe devolvemos os 2 reais, e pronto.

Os quatro meninos cresceram e fundaram um banco chamado Rural, uma Igreja chamada Universal e um partido político chamado PT.

sábado, 27 de junho de 2009

Curtinhas da História

- Você sabia que no Governo Getúlio Vargas, mais especificamente durante o Estado Novo (1937-1945), a perseguição aos agitadores foi tão grande que as proibições chegaram aos livros de estórias como Tarzan, Peter Pan e Robinson Crusoé? Também foram violadas dezenas de cartas e a Empresa de Correios e Telégrafos (ECT) foi monitorada dia e noite. Que paranóia, não?

- Era um hábito, até a década de 1920, no Recife as pessoas defecarem na lama do Rio Capibaribe? Como a rede de saneamento básico era deficitária, as pessoas ainda traziam alguns hábitos do final do Século XIX. Outro costume, dessa vez dentro das casas, era o uso de mictórios (vulgarmente conhecidos como pinicos) e escarradeiras. Ô povo nojento, nera?

- Você sabia que a estátua da Liberdade foi um presente dos franceses para o povo norte-americano ao final das guerras de independência durante o século XVIII? O ideal era a representação de democracia e liberdade, igualdade e fraternidade, que se tornariam marcos da Revolução Francesa 8 anos depois.

quinta-feira, 25 de junho de 2009

Cadê minha liberdade??

Quero, primeiramente, pedir imensas desculpas a quem vem até esse espaço procurar uma nova leitura e uma forma diferente de adquirir conhecimento. Em virtude de meus estudos de mestrado, passei enorme tempo sem atualizar o Mochila, mas vou procurar ser mais periódico nas postagens.

A postagem de hoje vai falar um pouco sobre a atuação do DOPS (Departamento da Ordem Política e Social), que foi um instrumento muito eficaz para estabelecer a representação do Estado Novo e da Ditadura Militar, legitimando os anseios do poder político dirigente no Brasil em períodos diferentes. Não me estederei muito no assunto, visto que farei isso em minha dissertação de mestrado, cuja quando estiver pronta, informarei a todos por aqui também (contudo levará um longo tempo ainda).

Mas voltando a nosso interesse, o DOPS foi criado em 1935 sob a ameaça de uma instalação de Comunismo em pleno auge do Governo de Getúlio Vargas, onde a Intentona Comunista do Cap. Luís Carlos Prestes estava a todo vapor oferecendo oposição à política existente, que insistia em manter longe a atuação das classes mais populares e principalmente dos sindicatos. Com a intenção de zelar pela ordem e pelos bons costumes, pela família e pela manutenção do plano de governo, que entre outras coisas envolvia a modernização e nacionalização do Brasil, o DOPS virou um instrumento importante na luta do Estado contra os chamados "subversivos".

Bem, dentro deste projeto de integração nacional a partir da suspensão de garantias populares, especialmente da liberdade de ação e pensamento, o DOPS passou a atuar nos locais onde havia os divertimentos e participação mais ativa da população, como cabarés, casas de jogos clandestinos, terreiros de candomblé, eventos esportivos públicos, festas populares, entre outros locais. Até mesmo sobre as correspondências (que eram violadas) e sobre o hábito de leitura o sistema passou a desenvolver uma complexa rede de ligações, perseguições, fichamentos e suspensão das garantias legais da população. Foram tempos difíceis.

Passando a classificar as pessoas em três classes: subversivos ou suspeitos, revolucionários ou agitadores e comunistas, o DOPS atuou através do inquérito (interrogatório, coleta de informações), da perseguição e da repressão (atos de tortura, castigo). Esperando conseguir as informações das quais necessitava, o projeto do DOPS empregava duas formas de levar seus propósitos à população: através da coerção (uso da força burta) ou do consenso (diálogo de acordo com os interesses do órgão policial). Sendo assim, não restavam muitas opções para a população, que muitas vezes eram coagidas a colaborar, mesmo que a contragosto, com o aparelho de polícia do Estado Varguista.

Atuando a partir de várias delegacias, com a de Costumes (investigava o ambiente cultural da população), o DOPS passou por grandes reformulações durante o Período Ditatorial, sendo extremamente necessário para consolidar os projetos de Governo dos Anos de Chumbo através de elementos já desenvolvidos na Era Vargas, bem como pela Espionagem através de grampos telefônicos. De certo, a tortura ganhou novas práticas e as investigações, perseguições e fichamentos de pessoas consideradas inimigas do regime se tornaram mais frequentes, estabelecendo um regime de exceção no país.

Oficialmente, o DOPS foi extinto no ano de 1991. Entretanto, sabe-se que algumas práticas realizadas pelo órgão ainda continuam sendo praticadas hoje em dia pelas Secretarias de Segurança Pública ou de Desenvolvimento Social (SSP/SDS), como o fichamento de pessoas, a abertura de prontuários de investigações, etc. Marca de regimes políticos de dura atuação, o DOPS é uma das muitas páginas cruéis escritas na História do Brasil que ainda tem muita coisa a revelar, com a abertura dos arquivos que ainda hoje são de difícil acesso.

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

El Estado Soy Yo!

O título da postagem não é mera semelhança com qualquer frase conhecida. Fiz propositalmente uma referência ao dito famoso do rei francês Luís XIV de Bourbon para relembrar um fato histórico importante para a constituição do poder político no mundo desde a Idade Moderna: o Absolutismo Monárquico.

Relembrando rapidamente, tivemos no Absolutismo um sistema constituido pelos poderes Legislativo, Executivo e Judiciário concentrados nas mãos do soberano, homem de valor, preparo e caráter que era apoiado mediante filosofias e interesses de outras classes sociais como a burguesia e a Igreja Católica. Mais de quatro séculos  se passaram e parece que ainda existem vestígios desse sistema no mundo ainda hoje, salvaguardando suas particularidades, claro. É o caso do nosso vizinho próximo na América do Sul, a Venezuela.

O referendo político realizado no último domingo apontou que o atual presidente (ou seria ditador? Ou até mesmo Monarca?) Hugo Chávez está se perpetuando no poder cada vez mais. Agora, o povo venezuelano (ou diria súditos de um rei louco?) acataram a decisão de estender o mandato de Chávez até, no mínimo, 2039, quando acredita-se realizar outro referendo para definir os rumos políticos de um país que vive economicamente quase que essencialmente dos lucros produzidos pela venda de petróleo e gás natural, ambos sob controle da estatal PVDSA.

A comparação não é uma coisa absurda. Podemos perceber que Chávez retoma princípios dos antigos monarcas, como a preparação para governar, reunir condições para evitar que o país mergulhe no caos financeiro (onde já está!) e principalmente, mantenha seu povo em condições de continuarem tendo suas vidas normalmente, sem o assombroso fantasma do desemprego ou das altas taxações sobre impostos. Até onde ele alimentará essa loucura, pouco se sabe, o fato é que a cada ano que passa, ele toma mais gosto por essa "Teoria do Poder Temporal Perpétuo".

Luís XIV foi o maior rei europeu até hoje, sem sombra de dúvida. O mesmo consenso não vale para Chávez, que antes de ser um governante sensato, preparado e justo é um ditador que possui um egocentrismo maior do que sua função. Pessoalmente, comparando os dois ícones (dois??), temos aí sim um erro crasso para a História que faria o nobre rei contorcer-se em sua sepultura.

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Yom Hashua

Na última semana, um dos acontecimentos mais tristes da História da Humanidade comemorou mais um aniversário. O Holocausto ou a matança de mais de seis milhões de judeus durante os anos da 2ª Guerra Mundial (para ser mais específico, a partir de 1941) ainda permanece bem viva na memória não somente da comunidade judaica, bem como de todos os estudiosos e interessados pelo período.

Na sua concepção de poder, Hitler desenvolveu aquilo que conhecemos por Teoria do Espaço Vital, que englobava o pensamento da constituição de uma nação formada apenas pelos considerados "puros de sangue" ou "arianos", advindos das terras onde historicamente esteve estabelecido o Sacro Império Romano Germânico (Alemanha, Hungria, Áustria, parte da Polônia, entre outros). Essa forma de poder, contudo, segregava e eliminava todos os vestígios de etnias que possivelmente seriam entraves ao sucesso do plano, estando a comunidade judaica entre as vítimas.

Conversando com um amigo, descendente direto e judeu, o mesmo debateu comigo a importância do Holocausto ou Yom Hashua, em hebraico, para a comunidade. Ainda nos dias de hoje, a Alemanha paga pesadas indenizações às famílias judias por tamanho crime cometido contra a humanidade em seus diretos, especialmente o direto à vida. Mulheres grávidas, idosos, crianças, homens e homossexuais, ninguém era poupado pelos nazistas, que ao longo dos anos de 1941 a 1945, mantiveram verdadeiros circos de horrores nos campos de concentração como o de Varsóvia e o de Auschwitz.

Passados mais de 60 anos do acontecimento, a memória do povo judaico ainda é lembrada em todos os cantos do mundo com saudosismo, na esperança de que um dia o mundo, recordando exatamente esses exemplos trazidos pelas guerras, pare e pense mais em suas atitudes, principalmente com relação ao respeito pela diversidade, pela escolha e, principalmente, pelo espaço no qual se constituíram enquanto nação.

domingo, 1 de fevereiro de 2009

Mais Curiosidades Históricas

- O jogo Banco Imobiliário, terceiro brinquedo mais vendido até hoje da História, perdendo apenas para bicicleta e a boneca Barbie, foi criado em meio à crise de 1929 para que crianças e adolescentes pudessem, brincando, aprender os valores dos negócios e as pequenas transações que faziam parte do dia a dia como forma de um dia, no futuro, superar crises similares àquela. Atualmente o jogo ganhou maiores dimensões e pode ser encontrado em três versões, cada uma mais completa que a outra.

- O sucesso do ratinho Mickey Mouse foi tão grande que, nos anos 40, em plena Segunda Guerra, o serviço militar norte-americano utilizou como senha para as operações do Dia D na Europa o nome do personagem de Walt Disney.

- O artefato atômico que atingiu a cidade de Hiroshima no dia 06 de agosto de 1945 carregava, além da grande quantidade de lixo nuclear concentrado na ogiva, um valor sentimental para os soldados americanos sem tamanho: na fuselagem do artefato estavam escritos os nomes de todos os soldados do exército aliado que morreram no ataque de Pearl Harbor, quatro anos antes. Era uma forma de vingança pela memória dos que se foram por conta da guerra.

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Carnaval ao som da Rabeca

Soube na manhã de hoje, vendo os jornais da capital e os sites da internet, que o Bal-Masqué 2009 homenageará ninguém menos que Mestre Salustiano, famoso puxador de Cavalo Marinho do espaço Lumiara Zumbi que, infelizmente, nos deixou em novembro de 2008.

A homenagem é mais do que justa. Ninguém lutou tanto para deixar vivo o espírito do Cavalo Marinho, folguedo popular tradicionalíssimo da cultura pernambucana, como Mestre Salu. Ensinando a arte da rabeca (violino feito de madeira de onde se tiram sons agudos) aos seus filhos e demais interessados que compareciam ao espaço pelo menos uma vez por mês, Salustiano destacou-se também por levar nossas tradições para além-mar, tocando no velho continente e em outras partes da América. Evidente que Salu não é o único mestre rabequeiro ou de Cavalo Marinho em Pernambuco, mas é, ao menos, o mais conhecido.

É interessante analisarmos a estrutura do Cavalo Marinho, uma festa popular, onde através de uma grande encenação feita ao ar livre e com a participação direta da platéia no elenco, a duração pode chegar a ter 8 horas (com intervalos, claro). Personagens conhecidos como Babau, Capitão Tiridá, Bastião, Matheus, Catirina, entre outros dão ao folguedo um tom satírico e ao mesmo tempo popular, buscando identificar-se com cada elemento que forma o povo nordestino. Durante a festa, há muita bebedeira, contam-se causos populares e dança-se bastante também.

Seu legado merece ser reconhecido e transformado, para que sobreviva forte na cultura do estado por, pelo menos, mais 100 anos. Os que aprenderam e tiveram a mesma alegria que o "Mestre da Rabeca" estão, com certeza, tendo a mesma luta e o trabalho que Salu teve: lutar contra o esquecimento, a desvalorização da cultura e, principalmente, a falta de incentivo financeiro para realizar projetos sociais envolvendo a cultura e a formação cidadã.

E vamos lá pular ao som da rabeca o nosso carnaval...

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Centenário de Vitalino

Nesse ano de 2009, a cultura pernambucana está mais uma vez voltando sua memória a seus artistas que fizeram renome internacionalmente. Em julho, Caruaru estará em grande festa com as comemorações pelo Centenário do nascimento do famoso Mestre Vitalino.

Vitalino nasceu de família humilde e que trabalhava com o massapê (tipo de solo barroso encontrado no Nordeste) fazendo esculturas e vasos. Logo, o garoto tomou gosto pela arte familiar e começou a mostrar seus primeiros dons artísticos ainda aos 12 anos. Depois, aos 15, interessou-se pelo forró, formando um trio pé-de-serra com mais 2 parentes. Mas foi no ramo da arte cerâmica que ganhou notoriedade mesmo.

Em 1956, a obra de Vitalino deixou o Nordeste e ganhou o mundo. O Museu do Louvre, em Paris, guarda exemplares dos famosos bonecos de barro feitos pelo mestre ainda em sua primeira fase, quando não tinham cores nem muito menos detalhamentos mais específicos, como os contornos dos olhos e bocas. Rapidamente espalhou-se pelo Brasil a fama de Vitalino com um homem que retratava através da arte os assuntos cotidianos, o sofrimento e o modo de vida do povo nordestino, bem como aspectos culturais de Pernambuco e outros estados.

Vitalino deixou um imenso legado, é inegável reconhecer isso. Sua obra ainda hoje desperta curiosidade, beleza e fascinação. É o resultado da mistura perfeita entre a sabedoria popular e a técnica criativa do ser humano, culminando num momento artístico que transpassa o tempo e a memória, caracterizando um povo, uma região, uma cultura.

A homenagem do prefeito José Queiroz é bastante oportuna e Caruaru, certamente, honrará com todos os méritos seu mais ilustre representante popular.

OBS: Vitalino morreu em Caruaru, no Alto do Moura, no mesmo local onde hoje funciona a Casa-Museu do Mestre Vitalino. Em tempo, sua obra pode ser vista não somente em sua cidade natal, como também no acervo do Museu do Homem do Nordeste, que fica na Fundação Joaquim Nabuco, Av. 17 de Agosto, Casa Forte, Recife-PE.

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Patrimônio ameaçado

Ontem, assistindo os telejornais no início da noite, me deparei com uma notícia que não me deixou nem um pouco feliz: há quase 3 anos, tanto o Museu do Mamulengo como o Espaço Sílvio Botelho (bonecos gigantes de Olinda) encontram-se desativados por ordem do IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico-Artístico Nacional). A estrutura dos prédios que guardam essas duas memórias do carnaval de Olinda e de Pernambuco está sensivelmente prejudicada por infiltrações e rachaduras provocadas pelo desgaste do tempo, já que as casas são feitas de estruturas ainda do século XVIII.

O que me deixa mais revoltado é ver que a verba de 900 mil reais demorou três anos para chegar nas mãos do IPHAN, que realizou diversos estudos no local juntamente com técnicos do departamento de Arquitetura e Urbanismo da UFPE para avaliar as condições visando dar início às obras no local. De qualquer forma, finalmente, no dia de ontem, saiu a liberação e o mobiliário começou a ser removido para que, nos próximos seis meses, os dois espaços sejam recuperados.

A prefeitura de Olinda, porém, conseguiu um novo espaço para o Museu do Mamulengo, mas não deu a mesma importância quando em se tratando do espaço de Sílvio Botelho, o maior bonequeiro de Olinda. Seu local de trabalho, transformado também em museu, registrava 10 mil visitas por ano, levando a cultura de Pernambuco e de Olinda a públicos variados, sempre contagiados pela magia que é a brincadeira desses bonecos de imenso tamanho carregados nas costas de foliões, subindo e descendo ladeiras durante os 4 dias de folia.

Esse descaso provocou um sensível prejuízo no trabalho do artista, que vive do incentivo não somente do seu público, como principalmente das verbas que lhe são destinadas pela autoridade competente (Secretaria de Cultura do Município). Tal dificuldade é comum (??) nos processos culturais dos estados nordestinos hoje em dia, o que faz os artistas lutarem bravamente contra o descaso e o esquecimento da hierarquia pelos seus trabalhos.

O carnaval se aproxima e novamente veremos a magia de bonecos, blocos, troças, maracatus, ritos afro-brasileiros, entre tantos exemplares da cultura miscigenada brasileira durante 4 dias. Espero que novamente esta lembrança não se limite aos 4 dias e que, durante o ano todo, sobreviva a memória de uma das culturas mais ricas do Brasil.

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Adotar é preciso

No dia 25 de setembro do ano passado, a Folha de Pernambuco trouxe uma curta reportagem sobre o bloco de máscaras Galo da Madrugada (reconhecidamente o maior do mundo) que falava da adoção da Praça Sérgio Lorêto, local de partida do tradicional desfile do bloco todos os anos no sábado de Zé Pereira, pelo mesmo. Inicialmente, não é uma notícia tão impactante, mas pense no outro significado que esse anúncio possuiu.

Em 2009, o fundador do Galo (falecido em 2008), Enéas Freire, será o homenageado do Carnaval do Recife, ao lado do artista plástico Cícero Dias e do compositor Carlos Fernando. A praça Sérgio Lorêto, antes abandonada pela Prefeitura do Recife (não entendo o porquê...), ganhará duas estátuas em tamanho mediano: uma do fundador e uma do animal que representa o bloco, que decidiu adotar a praça por esta historicamente ser um marco anual do desfile da agremiação, que atrai mais de 1,5 mi de foliões todos os anos para as ruas do Recife.

Este pequeno gesto do ex-genro de Enéas Freire e responsável pelo Palácio do Galo - um local que reúne toda a história da agremiação e parte considerável da história do Carnaval de Recife a partir de 1979 - Rômulo Meneses, indica exatamente a importância que as autoridades deveriam dar às praças do Recife. Antes vistas como espaços de convivência, especialmente durante os séculos XVIII, XIX e XX (até os anos 80), as praças do Recife foram deixadas ao acaso, mal cuidadas pelas autoridades públicas, tomadas como espaços de vândalos e mundanos, vistas como locais de alta periculosidade e não mais como ambientes saudáveis onde famílias, casais e amigos pudessem desfrutar de agradáveis horas de boa conversa e companhia.

Atualmente, os gestores públicos preocupam-se em impactar olhares através de projetos faraônicos como o Parque Dona Lindu, mas esquecem que as praças foram espaços onde se construiu muito da cultura pernambucana, onde nasceram as inspirações de poetas, pintores, escritores, artistas plásticos, cordelistas, entre outros. Apagar a importância das praças do Recife da memória do povo é ignorar a constituição da história cultural do Recife e, sobretudo, de Pernambuco.

Tiro o chapéu para a iniciativa do Galo, pois se as autoridades não se importam, ainda há aqueles que sabem reconhecer aquilo que Recife e Pernambuco possuem, culturalmente, como memórias autênticas e muito vivas de sua longa história.

E que venha a folia de Momo pra gente ver o Galo passar...!

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Brincar de Viver

Os horrores do conflito sob a Faixa de Gaza, no Oriente Médio, nos mostram, todos os dias, que simples diferenças religiosas não são capazes de serem aceitas com facilidade. As divergências entre palestinos e israelenses ultrapassam os limites naturais do que conhecemos como lógica e produzem cenas grotescas que chocam e fazem-nos questionar: até quando? Entretanto, nem todos estão tão preocupados com o desfecho desses conflitos. É o caso de dois garotos que colecionam fragmentos dos mísseis Qassam disparados nos, até agora, 11 dias de ofensiva israelense sobre os palestinos.

A notícia está veiculando no site G1, o portal de notícias da Rede Globo. Os correspondentes afirmam que Yinon Tubi, de 11 anos, coleciona as peças que caem dos foguetes partidos da Faixa de Gaza em sua rua e seu jardim como forma de divertimento juntamente com seu amigo e vizinho. O pai, que é professor da escola religiosa do bairro, vê com naturalidade a atitude do garoto e diz que "é uma forma de esquecer e superar o medo causado pela guerra", mas tem receio de que o mesmo decida colecionar os artefatos ainda quando eles estiverem em rota de colisão. Até agora, o garoto já colecionou mais de 50 fragmentos de foguetes.

Essa atitude de Yinon demonstra que a guerra nem sempre é tratada como um processo decisivo na vida de um grupo étnico, religioso ou político. Objetos, usados costumeiramente para matar, agora servem como brinquedos que alimentam esperanças de vidas melhores com o nascer de um novo sol a cada dia.

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

Cidadão do Brasil

Nesse nosso Brasil farto de criatividade e de surpresas, sempre destacamos importantes obras culturais. Hoje, posto uma música feita por um primo meu que carinhosamente chamo de tio por seus cabelos brancos e farta experiência na capital federal deste país que vivemos. Ei-la:

Cidadão do Brasil
Josival Barreto (letra e música)

Caboclo do Nordeste
Matuto do Sertão
Brasil, cabra-da-peste
És tu, meu irmão!
Vai forte, vai em frente
Vai longe nesse chão
Vai plantar a semente
Da tua razão!

Vai!
Meu irmão,
Vai lutar, vai votar, vai dizer!...
Vai!
Quem não vai
Vai ficar, vai parar, vai morrer!

É pouco teu salário
É grande tua aflição
Nascente proletário
Mas és cidadão!
Tens marcas do imposto
Que pagas à nação
Nas rugas do teu rosto
Nos calos do sertão


O ritmo é marcado por um xaxado com incrementos de bandolim. A composição foi assinada pelo autor no dia 2 de outubro de 1982.