domingo, 21 de dezembro de 2008

Polícia Militar de PE na Guerra do Paraguai

Transcrevo hoje, na íntegra, matéria publicada no Diário de Pernambuco, seção colunas, de 15 de outubro de 2008. Vale muito a pena conferir essa importante página da história pernambucana.

O embarque do grupo da PMPE para a Guerra do Paraguai

Jorge Luiz de Moura
Coronel RR/PM ex-Cmt. Geral da PMPE
jorgeluizdemoura@bol.com.br

Os anais da grande História da PMPE, registram o embarque do Corpo de Polícia de Pernambuco, para a Guerra do Paraguai.

Este evento foi publicado no Diario de Pernambuco, de 10 de agosto de 1965, na coluna Há um século, ANNO XLI nº 181, de 10 de agosto de 1865, Primeiro Caderno - Revista Diária, que como peça histórica, a transcrevemos:

"- Embarcou no vapor J. S. Romão hontém a ala esquerda do corpo de polícia desta provincia com destino a côrte, d´onde deverá seguir para os campos em que os filhos do Brasil sustentam a honra do torrão natal, accommettida pela insânia paraguaya. A importancia que se liga ao patriotismo dessa porção de irmãos nossos que partiram, vimo-la espelhada na manifestação publica que houve nas ruas do seu trajecto, cujas varandas achavam-se cheias de pessoas, que lhes davam o adeos da despedida. A frente desses bravos pernambucanos, desfilou também o Exmo. Sr. conselheiro presidente desta provínciae o Sr. Dr. Chefe de policia e sendo seguida de grande numero de pessoas de todas as classes, que os levaram até o embarque. Desejamos que prosperos ventos os conduzam a seu actual destino, e fazemos votos para que na guerra não desmereçam dos nossos maiores no valor e gentileza, que delles espera esta provincia de Pernambuco. A força que transportou o vapor acima compõe-se de 300 praças do corpo de policia desta provincia e de guardas nacionaes do Rio Grande do Norte".

Na época, de acordo com o Almanaque da Brigada Militar de Pernambuco (PMPE), de 1939, era Presidente da Província de Pernambuco, o Barão do Rio Formoso e Comandante do Corpo de Polícia, o Tenente-Coronel Alexandre de Barros e Albuquerque. O Corpo de Polícia fez parte do 51º Corpo de Voluntários da Pátria, sob o Comando do Tenente-Coronel Alexandre Augusto de Frias Vilar, e combateu em Tuiuti - Humaitá, Itororó, Avaí e Lomas Valentinas, sendo dissolvido pelo Decreto de 12 DEZ 1868. (General Paulo de Queiroz Duarte - Os Voluntários da Pátria naGuerra do Paraguai - O ex-Corpo de Polícia Militar de Pernambuco, vol. 3, Tomo, IV, Bibliex, 1990, p. 72).

Dos 300 praças do Corpo de Polícia, poucos voltaram ao Recife, em 1870. Entre esses poucos, feridos e mutilados que foram aproveitados no Corpo Provisório de Polícia (História da PMPE, Major PM Roberto Monteiro, pág. 50). Deu suas vidas à Pátria, deixando seus corpos em solo paraguaio e aqui, orvalhando-se em lágrimas suas viúvas e órfãos.

O inédito recorte do Diario de Pernambuco, foi ofertado pelo saudoso 1º Tenente PM Reformado Cygephone Lemos da Silva, em 17/07/1985, quando comandamos o 9º BPM - Batalhão Arruda Câmara, em Garanhuns, assim explicitando: "Como uma lembrança patriótica dos briosos militares da nossa PMPE que defenderam a Pátria nos campos paraguayos e voltaram cobertos de glória".

A referida mensagem é a síntese da participação heróica do então Corpo de Polícia, hoje PMPE, sentinela indormida da lei e da ordem, que tem como seu símbolo maior, o vetusto Quartel do Derby, onde altaneira, tremula a Bandeira Nacional, integrado pelos valorosos homens e mulheres que envergam o glorioso uniforme da PMPE, na defesa da sociedade pernambucana, honrando o passado glorioso de seus ancestrais.

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Debaixo da sola

Quando o Presidente George W. Bush foi eleito o "Homem mais poderoso do mundo", todos indagaram se ele seria uma cópia fiel de seu pai ou se trataria das questões atuais de seu país de maneira mais moderna, dentro da conjuntura internacional da atualidade. Oito anos se passaram, Bush envolveu-se (e envolveu seu país) em pesados conflitos que ainda hoje não tiveram fim, despertou polêmicas (como a não assinatura do Protocolo de Kyoto) e vai deixar o governo com impressionantes 63% de aprovação. Entretanto, sairá com a imagem desgastada e bastante utilizada como motivo de piada por parte da crítica jornalística mundial e será o principal alvo dos trotes praticados na rede mundial de computadores, a internet.

No dia de ontem, ao proferir um discurso sobre a retirada das tropas americanas do Iraque, marcadas para julho do próximo ano, decisão inclusive já anunciada pelo presidente eleito Barack Obama, um jornalista islâmico iraquiano atirou seu par de sapatos no futuro ex-presidente americano, como forma de protesto pelas atitudes do mesmo com relação ao povo do Oriente Médio. Chamado de "cão" e "demônio", Bush tentou livrar-se dessa saia justa com personalidade, mas pelo jeito já perdeu a moral há tempos.

No Oriente, especialmente nas leis do Islamismo, mostrar o solado de um sapato/sandália ou até mesmo atirá-lo contra a pessoa indica uma ofensa maior até mesmo do que proferir uma agressão física a um ente familiar. Visto como pior ato de humilhação, o feito do jornalista veio a demonstrar que Obama tem muito a ajustar se quiser ter quatro anos de governo tranquilos com relação ao Oriente e suas ligações com o Ocidente.

Reza a História que o Oriente já mostrou outras vezes aos americanos que sua presenção não era aceita com naturalidade: em 1979, o Aiatolá Ruhollah Khomeini promoveu a famosa Revolução Islâmica, pela qual repudiou tudo que era proveniente do Ocidente e, em especial, dos Estados Unidos. O resultado foi a criação de um DNA Anti-Ocidente em muitas correntes procedentes do Islã, especialmente em grupos como o Hammas e o Hezbollah.

De qualquer maneira, a figura desgastada de Bush mostra que, mesmo para o homem mais poderoso do mundo, a postura de estar no topo pode perfeitamente ser ignorada e há de lembrar-se que ali existe um ser humano comum, sem super-poderes, que pode perfeitamente ser tratado debaixo da sola de um sapato, literalmente.

domingo, 14 de dezembro de 2008

40 anos do AI-5

No dia de ontem, o Brasil lembrou com tristeza de uma das maiores armas de repressão usadas contra as pessoas desta nação durante a República: a promulgação, no ano de 1968, do Ato Institucional nº 5 pelo presidente Artur da Costa e Silva. Penoso, duro e inviolável, o projeto que virou lei entrou em vigor apenas por um motivo: a luta pela liberdade de expressão.

Ainda hoje famílias, amigos, conhecidos, alunos e mestres procuram por pessoas que, depois da adoção daquele Ato, sumiriam para sempre. Nem todos tiveram a sorte de voltar, de reconstruir suas histórias depois daqueles fatídicos anos em que o AI-5 foi maior do que a própria Constituição do país, mas para muitos o Ato foi considerado um bem maior para a nação: falamos dos militares e suas famílias.

Pernambuco viveu intensamente a ebulição política causada pelo AI-5. Militâncias, artistas, grupos revolucionários e estudantes eram a todo tempo perseguidos, presos e muitos foram dados como desaparecidos. Atualmente, grandes lideranças políticas do estado ainda lembram com dor aqueles anos difíceis e dizem que Pernambuco, por estar na efervescência do movimento político nacional, não deixava de ser vigiado pelas forças militares um minuto sequer.

Com a revogação do Ato em 1979 pelo então presidente Ernesto Geisel, houve uma esperança de abertura política e abrandamento do regime militar, o que aconteceu muito lentamente e com grandes limitações. A Ditadura Escancarada passara para o estágio de Ditadura Envergonhada, como diria o jornalista e pesquisador Élio Gaspari.

Passados 40 anos, muita coisa ainda há por ser descoberta e desvendada. Porém, as lembranças e as marcas de quem viveu na pele as dores de tão cruel instrumento de manutenção da ordem por parte do poder público não foram facilmente apagadas e somente serão quando as interrogações do período deixarem de existir.

sábado, 13 de dezembro de 2008

90 Anos do fim da I Guerra Mundial

Front de batalha da I Guerra - Batalha do Maine.

No último mês de novembro comemoramos os 90 anos do fim do primeiro conflito de grandes proporções da história da humanidade: a I Guerra Mundial. Foram 4 anos que deixaram marcas profundas e plantaram uma semente negativa que fez germinar uma árvore que, até os dias de hoje, ainda não foi podada nem derrubada - a árvore da ganância, inveja e destruição.

Movidos pelo sentimento imperialista, vários líderes de nações que despontavam desde o final do século XIX como potências mundiais em termos econômicos e de desenvolvimento acabaram por mostrar ao mundo quanto o poder e o sentimento de lucro eram importantes, mesmo que para atingirem o sucesso fosse necessário destruir por completo seu adversário. É engraçado porque automaticamente encontramos uma contradição no Liberalismo Econômico, pregado por Adam Smith desde o século XVIII, quando o mesmo defende a livre concorrência como maneira de termos um comércio diversificado e aberto em todas as proporções mas que, no entanto, gera discórdia, destruição e eliminação do seu concorrente, ou seja, vale tudo.

Foi com esse sentimento de vale tudo que as nações começaram a misturar questões étnicas (pangermanismo e paneslavismo), econômicas (capitalismo industrial) e sobretudo, políticas (imperialismo). Organizados em dois grandes blocos - Tríplice Entente e Tríplice Aliança - as nações européias envolveram-se e envolveram países num conflito arrasador, desnecessário e, em toda medida, deshumano. Mostraram ao mundo a capacidade de tecnologia que levava o ser humano a se tornar uma mente eterna sem limites criativos, mas que ao mesmo tempo ainda resolvera seus problemas de relacionamento de maneira primitiva. Seria cômico se não fosse trágico.

O saldo final de quase 8 milhões de mortos reflete que a humanidade começaria aquilo que eu chamo de Era dos Horrores. A I Grande Guerra foi apenas o início de um processo que se alastraria no decorrer do século XX com os Totalitarismos e culminaria, em 1939, na II Guerra Mundial, vista antes como um prolongamento do primeiro conflito. O Brasil não ficou alheio a este processo, uma vez que éramos prejudicados em nossas exportações de café, "o rei da economia" desde o Império e o saldo foi extremamente negativo para o país, que precisava tomar alguma atitude para elevar novamente o preço do produto no mercado internacional. Some-se a isso o fato de termos sido atacados pelos submarinos alemães nas costas da Europa, o que forçou o presidente Venceslau Brás a decretar a entrada do Brasil no conflito em 1917, 1 ano antes do fim. Entretanto a missão brasileira não contou com frentes de combate: apenas contribuímos com forças médicas para o auxílio aos soldados. Posteriormente, participaríamos da Conferência de Versalhes, onde os vencedores definiram os rumos do pós-guerra representados por Rui Barbosa.

Enfim, 90 anos depois, a humanidade ainda se lembra do conflito como uma maneira de enxergar o lado mais animal e destrutivo do ser humano e não como uma maneira de ver o fim das diferenças. O fim do conflito não quer dizer que outros não seriam/serão possíveis, mas evidencia que o homem ainda não está preparado para superar civilizadamente suas diferenças mais comuns.

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Rapidinhas da História

Curiosidades sempre são bem-vindas, ainda mais quando nos despertam para novos olhares sobre coisas do cotidiano que realmente passam despercebidas. Hoje coloco algumas para vocês que achei de bastante valor:

Curiosidade 1: Creme de Maionese

O tão apreciado creme de maionese tem sua origem ligada à corte francesa do Cardeal Richelieu, ainda no século XVI. Em campanha contra a Inglaterra, numa das batalhas feitas na província de Mahonese, o banquete servido ao cardeal incluía uma mistura que, originalmente, levava ovos, leite e outros ingredientes, entretanto o leite havia acabado e o cozinheiro chefe colocou óleo na mistura, produzindo um creme pastoso e consistente, que foi salgado e servido. Estava pronta uma das maiores iguarias ao longo dos tempos. Porém o creme só se popularizou no início do século XX, quando um alemão decidiu servi-lo em sua quitanda.

Curiosidade 2: A primeira geladeira

As geladeiras são hoje um bem de consumo durável que acabaram se tornando altamente necessários nos lares mundo afora. Porém o surgimento deste tipo de eletrodoméstico está ligado ao processo de manutenção das carnes por mais tempo do que era empregado desde a Antiguidade até o século XIX. Chegando como uma inovação e sendo inventada no Norte da Europa, notadamente na Dinamarca, a geladeira demorou a se fazer presente nos lares, tendo aparecido pela primeira vez nas casas no Reino Unido, França e Estados Unidos apenas depois da primeira década do século XX. No Brasil, a primeira geladeira chegou em 1919 e foi usada em um frigorífico (na época ainda chamado de açougue).