domingo, 5 de dezembro de 2010

Comentários sobre a Prova de 2ª Fase - COVEST - Vestibular 2011

Olá coleguinhas!

Como prometido, eis aqui os comentários sobre a prova da Covest de 2ª Fase realizada na manhã de hoje em todo o Estado de Pernambuco. Confirmando a tendência da banca examinadora, a prova foi bem distribuída entre questões de História Geral e História do Brasil, com destaque para algumas ausências não esperadas, como questões sobre Era Vargas e Segunda Guerra Mundial. A boa notícia se confirmou com a contemplação de temas da atualidade, o que valorizou o conhecimento do Fera que esteve o ano inteiro lendo, se informando e conhecendo mais da conjuntura global.

Gostaria de chamar a atenção para algumas questões, que destaco mais abaixo:


03. A religião muçulmana foi eixo da cultura de muitos povos e estimulou conquistas importantes no campo
das vitórias imperialistas. Possui semelhanças com a religião cristã, embora mantenha tradições vindas de
outros credos. A propósito, a religião muçulmana:

0-0) cultua um único Deus, além de, como os cristãos, acreditar na existência do bem e do mal.
1-1) ficou ausente dos feitos culturais da literatura medieval, vinculando-se apenas às reflexões filosóficas.
2-2) acredita nas revelações de Maomé, seu grande profeta, que prometia o paraíso para seus seguidores.
3-3) se rege pelo Livro do Alcorão, onde se pode encontrar os princípios que definem suas crenças e suas relações com o judaísmo.
4-4) desconfia das promessas de um juízo final, embora acredite na existência do inferno e do paraíso.

Questão sobre o mundo islâmico, confirmando uma tendência atual de valorizar a cultura do Oriente Médio em vestibulares. Questão abrangente, de nível fácil e sem maiores dificuldades para o Fera.



10. As transformações econômicas modificaram muito os hábitos sociais e derrubaram tradições seculares
com a expansão do capitalismo. No Modernismo, com as vanguardas culturais:

0-0) Pablo Picasso trouxe perspectivas diferentes na forma de pensar a estética na pintura e em
suas formas de se apresentar.
1-1) Joan Miró abalou a sociedade espanhola com sua obra artística e suas reflexões radicais
contra a democracia.
2-2) Paul Gauguin explorou outras dimensões das cores, criticando os exageros dos urbanos e da
cultural industrial.
3-3) Igor Stravinsky retomou o romantismo na música, construindo uma obra pouco original e
bastante polêmica.
4-4) Marcel Duchamp seguiu a estética dos impressionistas, pintando cenas do cotidiano
industrial da época e exaltando a subjetividade.

Questão sobre História da Arte, de nível mediano-difícil, o que também têm se traduzido enquanto uma tradição das provas de 2ª Fase, especialmente em relação à estética Modernista, determinante no início do séc. XX.



13. A presença do Partido dos Trabalhadores marcou a vida política nacional nas últimas décadas. Nas suas
origens, o PT teve dificuldades para eleger seus candidatos e recebeu muitas críticas dos setores
mais tradicionais. Atualmente, o Partido dos Trabalhadores:

0-0) segue uma linha de atuação em defesa do socialismo, não construindo alianças com outros partidos ditos liberais.
1-1) firmou-se como força de poder nas diversas esferas da vida social brasileira, depois dos governos de Luís Inácio.
2-2) afastou-se do seu ideário socialista, assumindo o capitalismo e se articulando apenas com os
grupos mais ricos.
3-3) tem uma representatividade política importante no Congresso Nacional, além de contar com o
governo de alguns Estados.
4-4) rompeu com os movimentos populares e construiu uma economia que não quebrou o modo capitalista de produção.

Questão bastante específica sobre o Partido dos Trabalhadores e sua trajetória do Brasil. Considerada de nível médio, uma vez que o Fera não encontra essas informações em muitos livros de Ensino Médio, mas sim em revistas e jornais, precisando que o professor de História concentre comentários sobre o tema em sala durante as revisões. Parece ser uma tendência da prova contemplar esse tipo de questão para os próximos anos, uma vez que ano passado também tivemos exemplos similares.



15. O mundo se enche de espetáculos, onde tudo é
programado para exibir efeitos especiais e
grandiosidade, sobretudo os eventos internacionais.
No ano corrente, a Copa na África do Sul ganhou
manchetes e imagens portentosas. O crescimento da
tecnologia tem sido veloz e sedutor. Esse
crescimento:
0-0) garante a força do capitalismo e a manutenção
do equilíbrio da economia norte-americana, que
tem estado a salvo de crises econômicas.
1-1) anuncia a chegada de uma era de democracias
seguras e inquestionáveis, mesmo nos países
mais pobres.
2-2) ajuda na concentração de riquezas e pode criar
a impressão enganosa do fim da miséria e da
exploração social.
3-3) acontece, com mais ênfase, nos meios de
comunicação e se destina, sobretudo, à
divulgação dos êxitos sociopolíticos dos países
mais ricos.
4-4) fortalece a divulgação da diversidade étnica e
cultural, vincula povos de forma democrática e
extingue os preconceitos.


16. Viver as crises e os desencontros faz parte da
cultura humana. O tempo histórico não é linear, e as
mudanças ocorrem trazendo desafios. No mundo
contemporâneo:
0-0) há perspectivas de uma paz permanente, com a
concretização de uma convivência global e
solidária em todas as culturas.
1-1) torna-se difícil a massificação absoluta, pois
acontecem rebeldias e protestos contra os
exageros da sociedade de consumo.
2-2) afirmou-se uma sociedade baseada no
conhecimento científico e marcada pela
informação e igualdade social.
3-3) desfizeram-se os preconceitos raciais do século
XX, abrindo espaço para a multiplicidade e a
democracia política.
4-4) instituiu-se uma forma diferente de fazer
política, quebrando hierarquias tradicionais e
acentuando a solidariedade geral.

As duas últimas questões da prova, acima, contemplando os acontecimentos do mundo atual. Questões de nível fácil-mediano, procurou explorar os conhecimentos do Fera informado, como citado no início deste comentário.


No mais, tivemos uma prova sem contestações ou questões passíveis de erros crassos. Fazendo jus ao título de Específica, apenas apresentou dificuldades em relação às datas, o que sempre foi uma tendência da banca da Covest. O Fera bem preparado, certamente, não teve maiores dificuldades, pois a prova foi bem acessível.

Espero que você tenha tido sucesso!

domingo, 26 de setembro de 2010

Caminhando ao contrário

"Nunca fui militante político". Com essa frase, Geraldo Vandré desmitifica sua imagem como grande ícone da oposição artística ao Regime Militar brasileiro. Na verdade, o artista apresenta um perfil que poucos conhecem, ambivalente e ainda repleto de perguntas não esclarecidas pelo silêncio do próprio.

Em entrevista ao Dossiê Globo News, Geraldo Vandré falou sobre os sucesso de "Disparada" e "Caminhando", duas músicas de sua autoria que se tornaram marcos durante o fim dos anos 1960 e início dos anos 1970. Vistas como hinos daqueles que se colocaram contra a Ditadura, o sentido expresso pelo autor nas letras demonstra que havia uma identificação com todas as partes do Brasil daqueles Anos de Chumbo, mas ao mesmo tempo revelava um cantor que não pensava plenamente daquela forma. Obtendo o reconhecimento que procurou, como disse ao jornalista Geneton Moraes Neto, Vandré viveu no exílio desde 1968, teve suas canções vitimadas pela censura e passou a habitar na clandestinidade por muitos anos.

Hoje, vivendo como funcionário público aposentado em São Paulo, aos 75 anos ele revela uma profunda admiração e identificação com os membros da Aeronáutica, chegando inclusive a compor para as Forças Armadas. Segundo o próprio Vandré, os militares nada tinham contra ele, a luta era um engajamento político contra o Congresso, fechado inicialmente em 1964 pelo AI-1 e posteriormente remodelado pelo AI-5 em 1968. Um vídeo na internet mostra ele acompanhando uma apresentação do Sargento Lago em São Paulo onde este canta "Caminhando" aos olhares atentos do compositor, que chora emocionado e depois recebe, ovacionado, as homenagens do público:

Show do Sargento Lago em 09 de setembro de 2008

Buscando a última realização de sua vida, anseia por apresentar canções por toda a América Espanhola, onde diz ter investido tempo e dinheiro num possível retorno aos palcos. Colocando o Brasil em segundo plano, não mostra desejo em cantar pelo país afora, especialmente pelo sentido mercadológico dado à música. O projeto de Vandré gira todo em torno da Aeronáutica, onde dedica a maior parte de seu tempo e produção atualmente, compondo peças sinfônicas para a FAB.

Essa ambivalência no perfil do cantor e compositor se revela na frase "todos os países soberanos possuem suas Forças Armadas". Esta visão revela que o libertador dos anos 60 na verdade tinha uma duplicidade não revelada dentro de si, a qual somente depois da terna idade que possui atualmente teve vontade de assumir. Decorre desse fator o verdadeiro sentido das letras e motivos pelos quais Vandré compôs suas músicas - antes de defender a destruição do Regime, ele ansiava pelo dia em que as Forças Armadas abrissem mão da política e voltassem a ser aqueles defensores da Pátria de antes do Golpe.

Como bem narrou Geneton Moraes Neto: "Geraldo Vandré vive hoje em um país onde existe um homem só - o próprio Vandré". Esquecido, busca nas memórias e nos amigos que fez dentro das Forças Armadas sua razão de viver.

terça-feira, 10 de agosto de 2010

O Filho do Hamas

A postagem de hoje é sobre um livro que estou terminando de ler que leva o mesmo título. Como imaginar o mundo árabe-israelense por um olhar que vai além da guerra e do genocídio que aparece todos os dias nos principais veículos de comunicação? Até que ponto muçulmanos e judeus podem conviver juntos unidos por um só ideal - a paz? Estas são propostas discutidas pela obra.

Ao iniciar minha leitura, vi que o livro poderia ser mais uma obra ficcional sobre um garoto que nasce em meio à pobreza do mundo árabe e margeado pelo crescimento fenomenal atingido por Israel a custa de muitos conflitos diários desde 1948, ano da oficialização da criação de seu Estado pela ONU (e ao meu ver, um dos erros mais crassos da humanidade não pela iniciativa em si, mas pela forma como foi conduzido). No entanto, as primeiras páginas já revelam fatos reais contidos naquela trama e deixam o leitor com o sinal de alerta ligado: aquela é uma leitura que vai te trazer muitas surpresas ao longo das páginas.

Longe de focar a abordagem apenas para o lado do conflito, o passeio no qual o leitor mergulha é mais profundo: cultura, história e cotidiano se misturam em um desabafo de uma memória encerrada em um mundo que mais parece um barril de pólvora prestes a chegar no limite de seu estopim. As palavras de Hassam Youssef, protagonista da obra, nos deixam a impressão de que ainda existe muito daquele mundo a ser descoberto e esse desvendamento passa, antes, pela superação de velhos preconceitos em torno do que sabemos e ouvimos sobre o Oriente Médio.

Em resumo, é uma leitura que indico para os apreciadores desse mundo. Sem ter a pretensão de copiar O Caçador de Pipas ou qualquer outra obra do gênero, O Filho do Hamas é uma história sobre paixões, família, cultura e guerra que faz o leitor ser parte do mundo árabe e enxergá-lo com outros olhos, percebendo que esses dois povos têm mais coisas em comum do que as guerras ou as notícias podem nos fazer imaginar.

sábado, 3 de julho de 2010

Uma Copa pela Paz

Em épocas de Copa do Mundo, as atenções se voltam para um momento único que une, através do esporte, os quatro cantos do planeta em uma festa que celebra a diversidade, o respeito e a alegria entre as nações. O espírito criador do evento, no entanto, remete a 25 anos antes da realização da primeira edição do evento, em 1930 no Uruguai.

Escolhida para ser a sede de um evento que teria como principal intenção a superação dos traumas causados pela Grande Guerra Mundial de 1914-1918, o Uruguai teria a responsabilidade de colocar frente à frente adversários com histórias nem sempre felizes fora das quatro linhas. Era um desafio que estava muito além das fronteiras entre os países - era uma questão, especialmente, humanitária.

De um lado, países com bagagem no esporte, como a Inglaterra e a França; do outro, países em busca de emergência através de suas ideologias políticas transferidas à prática competitiva como Itália e Alemanha. Entre estes, países que buscavam a integração com o mundo europeu e a superação de barreiras históricas marcadas pela velha visão etnocêntrica de mundo. Disputando uma competição em um formato simples, onde todos os times jogavam contra todos, não havia fase eliminatória ou classificatória: o objetivo era vencer as barreiras do esporte e do preconceito, sendo campeões da vida e enterrando de vez um fantasma que havia deixado, 12 anos antes, 8 milhões de mortos.

O estádio Centenário, com estrutura recorde e custos de 1 milhão de dólares na época, foi responsável por ser palco de outra importante celebração: os 100 anos da Constituição Uruguaia. Mesmo não agradando aos países europeus, que teriam que arcar com as despesas da travessia do Atlântico, a Copa estava mantida na América do Sul e teve nos donos da casa os primeiros campeões. A Celeste Olímpica já havia mostrado sua força dois anos antes ao bater nos jogos olímpicos a forte Alemanha por 4x1.

O presidente da FIFA, o francês Jules Rimet, comemorou com bastante fervor o sucesso da Copa. Pena que, 9 anos mais tarde, o ideal da entidade não fosse suficiente para evitar um novo conflito mundial entre as nações, dessa vez ainda mais devastador. No entanto, ficava uma lição: a Copa era o momento máximo do futebol e a principal alegria do povo nos quatro cantos do mundo.

sábado, 15 de maio de 2010

A incrível arte de copiar

Observando as formas como os povos antigos inventaram seus meios para facilitar sua evolução e afirmação de suas culturas, me convenço cada vez mais de que não existiu povo na Antiguidade mais capaz de copiar e aperfeiçoar modelos como os romanos. Desde armas, técnicas e vestuário, até a mitologia, os romanos foram capazes de reelaborar, de acordo com sua utilidade, os modelos preexistentes na humanidade.

Alguns autores estudiosos defendem, pela incrível capacidade de desenvolver armas como as fortalezas móveis de combate, as catapultas e os lançadores de dardos a capacidade romana em inventar. Eu observo que os romanos, na verdade, são povos práticos que tentaram reinventar modelos até então vistos como eficazes em busca de eficiência para suas atividades cotidianas, especialmente a expansionista.

Não somente na arte da guerra, mas principalmente na arte cotidiana os romanos destacaram modos de vida, comportamentos e expressões que já existiam desde a Grécia Antiga: as casas de banho e termas serviam como mercados, estalagens e até mesmo prostíbulos, buscando uma maior sociabilidade entre os cidadãos que aprenderam a luxúria e o poder como padrões sociais de um povo que se julgava "o centro do mundo antigo conhecido".

Como popularmente dito, "na natureza nada se cria, tudo se copia"; Penso que esse ditado reflete bem os romanos em muitas de suas práticas.