terça-feira, 10 de agosto de 2010

O Filho do Hamas

A postagem de hoje é sobre um livro que estou terminando de ler que leva o mesmo título. Como imaginar o mundo árabe-israelense por um olhar que vai além da guerra e do genocídio que aparece todos os dias nos principais veículos de comunicação? Até que ponto muçulmanos e judeus podem conviver juntos unidos por um só ideal - a paz? Estas são propostas discutidas pela obra.

Ao iniciar minha leitura, vi que o livro poderia ser mais uma obra ficcional sobre um garoto que nasce em meio à pobreza do mundo árabe e margeado pelo crescimento fenomenal atingido por Israel a custa de muitos conflitos diários desde 1948, ano da oficialização da criação de seu Estado pela ONU (e ao meu ver, um dos erros mais crassos da humanidade não pela iniciativa em si, mas pela forma como foi conduzido). No entanto, as primeiras páginas já revelam fatos reais contidos naquela trama e deixam o leitor com o sinal de alerta ligado: aquela é uma leitura que vai te trazer muitas surpresas ao longo das páginas.

Longe de focar a abordagem apenas para o lado do conflito, o passeio no qual o leitor mergulha é mais profundo: cultura, história e cotidiano se misturam em um desabafo de uma memória encerrada em um mundo que mais parece um barril de pólvora prestes a chegar no limite de seu estopim. As palavras de Hassam Youssef, protagonista da obra, nos deixam a impressão de que ainda existe muito daquele mundo a ser descoberto e esse desvendamento passa, antes, pela superação de velhos preconceitos em torno do que sabemos e ouvimos sobre o Oriente Médio.

Em resumo, é uma leitura que indico para os apreciadores desse mundo. Sem ter a pretensão de copiar O Caçador de Pipas ou qualquer outra obra do gênero, O Filho do Hamas é uma história sobre paixões, família, cultura e guerra que faz o leitor ser parte do mundo árabe e enxergá-lo com outros olhos, percebendo que esses dois povos têm mais coisas em comum do que as guerras ou as notícias podem nos fazer imaginar.

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