terça-feira, 5 de fevereiro de 2008

A nossa vida é um carnaval...

Abrindo a Mochila da História nesta primeira viagem que vamos fazer ao longo dos anos por vir, decidi escolher essa festa entitulada de Carnaval para falar um pouco do que tenho como visão e experiência do mesmo.

O título da postagem foi uma lembrança que tive da música de Moacyr Franco (um cantor que certamente os mais novos não estão tão habituados a ver, a menos que assistam ao programa A Praça é Nossa) quando ele diz na música Turbilhão: "A nossa vida é um carnaval... a gente brinca escondendo a dor [...]". Parei para pensar e comentei comigo mesmo, depois de ler a postagem do blog do prof. Biu Vicente, da UFPE - realmente, vivemos em torno de uma festa onde, antigamente, nossos pais e avós brincavam 3 dias e se davam por felizes; hoje, brincamos 5 dias, por vezes 6 e outros 30 (danou-se!!) e nem mesmo assim parece ser suficiente para escondermos nossos problemas, nossas angústias, nossas aflições. Será mesmo que, nos dias atuais, as festas só servem para esconder a dor? Se for assim, eu quero trabalhar o ano inteiro sem festas...

O Carnaval surgiu no meio do povo minha gente, como uma manifestação de quem queria festejar, compartilhar alegria com o outro, tanto que foi feito no meio da rua e não dentro de salões apenas (apesar de existirem exemplos na França e Itália, antes do famoso carnaval de Veneza, durante o século XVI). O carnaval enquanto festa é sinônimo de uma manifestação de um povo que deseja sorrir sem se preocupar, que faz da fantasia mais irreverente a mais original, que tira do desconhecido a atenção e a vontade de ser fanfarrão também, enfim, é uma parte de cada um, é uma brincadeira acima de qualquer coisa.

Quando eu coloquei o título foi porque o carnaval hoje é usado como uma espécie de remédio sabe? Algo que parece que existe somente para muitos passarem por cima dos problemas e cair na folia esperando depois de 5, 6 dias apagar tudo da vida. Não é bem por aí, quem é inteligente sabe bem que não é se escondendo de papangu ou de super-herói que as coisas vão mudar. E enquanto a gente se diverte, que tá cheio de gente trabalhando por nós no carnaval também? Será que alguém parou para pensar nisso? Eles também não têm direito de brincar e fazer da vida deles, pelo menos por um dia, um carnaval? Pois é...

Tudo isso só me deu saudades dos carnavais de quando eu era menino em Maceió, Alagoas. Ah tempo bom que a gente ia pro clube municipal vestido de super-herói dos anos 80 para soltar confete e serpentina ao som de marchinhas, sem violência ou medo de brincar. Hoje em dia, os super-heróis ou ficam na Sala da Justiça ou então atendem pelo nome de GOE, Polícia Civil, Militar e Batalhão de Choque. Ah que saudade do tempo que eu era menino viu?!

Enfim, espero que o carnaval, hoje manchado pelo sangue da violência em vez do colorido das fantasias, volte um dia a ser uma festa de pierrôs e arlequins... com colombinas a sorrir e crianças por todos os lados. Só assim poderei dizer a meus filhos o que é de verdade o carnaval.

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