sábado, 19 de julho de 2008

Vai uma pitada aí??

É comum, sempre que estamos analisando uma escavação, encontrarmos elementos do uso cotidiano dos habitantes que viveram numa determinada época, em especial, durante os séculos XVI e XVII aqui no Brasil. Faço essa postagem hoje me lembrando de uma visita que minha prima de Brasília me fez quando veio conhecer nosso patrimônio histórico material.

Entre diversos vestígios das presenças lusa e flamenga (também conhecidos por holandeses), o que mais chamou a atenção de Rejane foi a presença de pequenos cachimbos totalmente ornamentados e feitos de barro branco. Ela encantou-se com a maneira como uma coisa há tanto tempo e feita para ser utilizada com um elemento nocivo à saúde foi capaz de resistir ao tempo e contribuir na formação da memória de um período destacado não somente na história desse estado, como também desse país.

Sobre estes objetos em questão, a História mostra que no século XVII, os holandeses eram os maiores fabricantes de cachimbos de barro branco, especialmente na cidade de Gouda, hoje famosa pelo queijo. Nesta cidade os fabricantes eram tão numerosos que formaram uma corporação. Os cachimbos holandeses foram exportados para o mundo inteiro e chegaram até o Brasil: em Recife, estes cachimbos estão sendo encontrados no curso das investigações arqueológicas sobre a dominação holandesa.

Mas voltando para Rejane, eu, sorrindo, expliquei a ela que fumar (ou pitar, como diz o povo do interior) não era a única função existente naquela íntima peça: o fato dela estar quebrada em pedacinhos não era mero acaso das arguras do tempo ou do "descaso" ao enterrarem essas peças tão bem ornadas. Quebrar um cachimbo na época era uma representação de que aquele objeto era de uso coletivo e não particular como temos atualmente. Isso a intrigou. Expliquei que, apesar da tradição atual inglesa em demonstrar que o cachimbo é não somente um símbolo que indica status, mas também uma certa individualidade, ao mesmo passo ele representava, no Período Holandês, a representação de famílias, que tinham a figura de seu patriarca cravadas no local onde coloca-se o fumo.

Achando tudo interessante e ao mesmo tempo meio nojento, Rejane achou que os holandeses, por mais criativos que fossem, também eram meio malucos. Cada cabeça com sua interpretação sobre a História...

2 comentários:

  1. .

    Já tive um sogro geólogo, então, sobre isso eu até tenho uma certa propriedade para falar. Gosto de história, gosto de rastro, gosto de linkar fatos, buscar explicações (ou não). Gosto desse mergulho que nos permite entender nossa própria cultura. E isso tem a ver com o olhar para trás, sempre. Ou nesse caso, desenterrar. Senti um enorme alívio de não ser uma fumante e mais que isso, gostei de fazer parte de uma época onde as pessoas não dividem mais cachimbos ... detalhe: isso não, mas seringas elas dividem, dá para entender?
    Uma parte do texto fez uma pausa em mim, a cidade de Gouda. E antes de ler a próxima parte da frase, logo lembrei de um dos meus queijos favoritos e lá vem você citando o tal queijo. Mas aí isso já tem mais a ver com o post de cima, não acha? kkkkkkkkkkk

    Beijo!

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  2. Olá amigo Diogo. Muito interessante esse texto sobre cachimbos, mas não entendi por que quebrar o cachimbo representava que aquele objeto era de uso coletivo, poderia explicar melhor? Desde já agradeço. Um abraço. Roger

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