quarta-feira, 16 de julho de 2008

A importância dos cemitérios

Hoje é feriado de Nossa Senhora do Carmo, padroeira do Recife e, portanto, feriado na cidade. Enquanto os mais fiéis vão à Basílica assistir às celebrações, é sobre hábitos costumeiramente católicos que a postagem de hoje se refere.

É comum observarmos em igrejas históricas que os padres, bispos e cônegos eram, assim como as freiras e pessoas de importância destaca na sociedade de seus tempos, enterrados no chão das igrejas ou em catacumbas subterrâneas e nas paredes. Essa prática remonta aos primórdios do Cristianismo, na Roma Antiga, quando estes eram perseguidos e deviam esconder-se para realizar seu ritual estando em vida, como também depois de mortos.

Após a liberação do culto, oficializada com o não menos famoso Edito de Caracala e, posteriormente, com o Edito de Milão do imperador Constantino, o Catolicismo voltou à superfície, dessa vez de forma a espalhar seus valores e instruir uma sociedade dentro da educação de ordens religiosas.

No Brasil, essa prática de sepultamento é bastante comum e guarda exemplos importantes, como os corpos de Frei Caneca, D. Hélder Câmara, o ex-Regente do Império e Frei Diogo Feijó e o Frei Galvão, primeiro santo brasileiro, que estão enterrados nas igrejas do Livramento, Basílica do Carmo, Catedral da Sé (SP) e mosteiro da Luz (SP), respectivamente. Somente a partir do século XIX essa realidade passa a ser diferente, com a introdução da ciência biológica com mais força em nosso país, o que dá uma conotação diferente da noção de saúde pública.

Vem daí a importância da criação dos primeiros cemitérios como forma de evitar que as doenças profileradas pelos restos mortais das pessoas se espalhassem nas igrejas da mesma maneira que o brando cheiro de carne crua e em putrefração se fazia presente. É importante perceber que essa prática foi introduzida, no Recife, também antes mesmo deste século: o exemplo maior se encontra no bairro dos Coelhos, que antes era um cemitério de escravos e no famoso cemitério dos ingleses, na Av. Cruz Cabugá, onde estão enterradas pessoas ilustres daquela nação e apenas um brasileiro: o general Abreu e Lima, revolucionário de 1824 e Libertador da América ao lado de Simón Bolivar e San Martin.

2 comentários:

  1. Lembro de um roteiro que fiz em Minas, ele incluía apenas igrejas. Era um costume estranho, mas natural para a época esse aí de enterrar os mortos em "terras sagradas". O piso das igrejas eram de madeiras soltas que poderiam ser retiradas para a inclusão dos tais túmulos. O que muito me espanta na doutrina católica é a presença clara de grupos dominantes e dominados, sobretudo ricos e brancos e negros e pobres. E, na hora de enterrar alguém, no piso das igrejas essa divisão estava posta e não era todo mundo que poderia "descansar" ali.
    Na verdade até os vivos tinham lugares determinados, eles não poderiam partilhar do mesmo espaço.
    E, até mesmo a compra ou aluguel dos altares laterais defendia que os ricos tinham um acesso diferenciado ao reino dos céus.
    Voltei bem menos católica dessa viagem e confesso que religião pra mim não é nada disso, mas sim a forma com que você se relaciona com o mundo e com as pessoas.
    De toda forma, não gostaria de perpetuar a história num ritual de sepultamento não, acho mais simpática (embora não haja nenhum lado sipático em não estar vivo) ser cremada.

    Em tempo, vc vai acabar me "doutrinando" mas não religiosamente falando e sim historicamente falando :)

    Beijo!

    ResponderExcluir
  2. Bela postagem.

    Cabe ainda salientar que os cemitérios, sejam em igrejas ou "convencionais", são importantes fontes históricas, revelando fatos, hábitos e tradições de outras épocas.

    Um abraço!

    ResponderExcluir

Comente, faça diferente, participe do debate!