sábado, 13 de dezembro de 2008

90 Anos do fim da I Guerra Mundial

Front de batalha da I Guerra - Batalha do Maine.

No último mês de novembro comemoramos os 90 anos do fim do primeiro conflito de grandes proporções da história da humanidade: a I Guerra Mundial. Foram 4 anos que deixaram marcas profundas e plantaram uma semente negativa que fez germinar uma árvore que, até os dias de hoje, ainda não foi podada nem derrubada - a árvore da ganância, inveja e destruição.

Movidos pelo sentimento imperialista, vários líderes de nações que despontavam desde o final do século XIX como potências mundiais em termos econômicos e de desenvolvimento acabaram por mostrar ao mundo quanto o poder e o sentimento de lucro eram importantes, mesmo que para atingirem o sucesso fosse necessário destruir por completo seu adversário. É engraçado porque automaticamente encontramos uma contradição no Liberalismo Econômico, pregado por Adam Smith desde o século XVIII, quando o mesmo defende a livre concorrência como maneira de termos um comércio diversificado e aberto em todas as proporções mas que, no entanto, gera discórdia, destruição e eliminação do seu concorrente, ou seja, vale tudo.

Foi com esse sentimento de vale tudo que as nações começaram a misturar questões étnicas (pangermanismo e paneslavismo), econômicas (capitalismo industrial) e sobretudo, políticas (imperialismo). Organizados em dois grandes blocos - Tríplice Entente e Tríplice Aliança - as nações européias envolveram-se e envolveram países num conflito arrasador, desnecessário e, em toda medida, deshumano. Mostraram ao mundo a capacidade de tecnologia que levava o ser humano a se tornar uma mente eterna sem limites criativos, mas que ao mesmo tempo ainda resolvera seus problemas de relacionamento de maneira primitiva. Seria cômico se não fosse trágico.

O saldo final de quase 8 milhões de mortos reflete que a humanidade começaria aquilo que eu chamo de Era dos Horrores. A I Grande Guerra foi apenas o início de um processo que se alastraria no decorrer do século XX com os Totalitarismos e culminaria, em 1939, na II Guerra Mundial, vista antes como um prolongamento do primeiro conflito. O Brasil não ficou alheio a este processo, uma vez que éramos prejudicados em nossas exportações de café, "o rei da economia" desde o Império e o saldo foi extremamente negativo para o país, que precisava tomar alguma atitude para elevar novamente o preço do produto no mercado internacional. Some-se a isso o fato de termos sido atacados pelos submarinos alemães nas costas da Europa, o que forçou o presidente Venceslau Brás a decretar a entrada do Brasil no conflito em 1917, 1 ano antes do fim. Entretanto a missão brasileira não contou com frentes de combate: apenas contribuímos com forças médicas para o auxílio aos soldados. Posteriormente, participaríamos da Conferência de Versalhes, onde os vencedores definiram os rumos do pós-guerra representados por Rui Barbosa.

Enfim, 90 anos depois, a humanidade ainda se lembra do conflito como uma maneira de enxergar o lado mais animal e destrutivo do ser humano e não como uma maneira de ver o fim das diferenças. O fim do conflito não quer dizer que outros não seriam/serão possíveis, mas evidencia que o homem ainda não está preparado para superar civilizadamente suas diferenças mais comuns.

Um comentário:

  1. Belíssimo post! Bicho, vc escreve muito bem! Professor de História ou Jornalista!? ehEhEHeHeEheEh
    Até parece que eu só vim perceber isso agora! aauhuaSHuaSHu
    Interessante como vc relaciona vários assuntos em tão poucos parágrafos, legal...
    Quanto à Primeira Guerra, sei nem o que comentar, vc já resumiu tudo no último período...

    "O fim do conflito não quer dizer que outros não seriam/serão possíveis, mas evidencia que o homem ainda não está preparado para superar civilizadamente suas diferenças mais comuns."

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