segunda-feira, 13 de julho de 2009

No Chuí, quem canta de galo não é Guarani...

Atendendo a pedidos, a postagem de hoje, diretamente aqui de Fortaleza, no XXV Simpósio Nacional de História da ANPUH, vai ser sobre os Sete Povos da Missões e os conflitos conhecidos como Guerras Guaraníticas.

Tudo tem início ainda no século XVII, como consequência da saída holandesa do Brasil e a expansão para o Sul, promovendo a reconfiguração do mapa da América Latina. A assinatura, em 1750, do chamado Tratado de Madri revelou que Portugal, em sua ânsia por ouro, não respeitava mais os limites de Tordesilhas e Espanha, no seu papel de defender suas "conquistas" territoriais, mas ao mesmo tempo não desejando entrar em conflito com seu vizinho ibérico, resolve por as "cartas na mesa" e reconfigurar o mapa.

A dificuldade encontrada para os entendimentos eram, basicamente, três: a instalação de fortalezas e fortes por Portugal em locais como SC, MT, RS, MA e PA; a forte presença da etnia nativa tupi-guarani na região; e a vontade lusa em encontrar ouro na região. Não foi fácil unir os interesses ibéricos e sobrepô-los, inicialmente, aos nativos e, como se os problemas já não fossem muitos, também à Igreja Católica, que tinha interesses na região mais extrema do continente onde possuía importantes aldeiamentos chamados de missões. Entre as missões mais famosas está a de Desterro, hoje localizada no estado de Santa Catarina e a maior de todas e palco de importante conflito: a de Sete Povos das Missões, no atual território do Rio Grande do Sul.

Pois bem, após o Tratado de Madri, novas questões territoriais envolvendo as coroas ibéricas, os nativos e os jesuítas provocaram a assinatura de novos acordos: Santo Ildefonso, Badajós, Utrecht e El Pardo vieram colaborar para que tanto a Colônia de Sacramento (território no atual Uruguai) e Sete Povos das Missões fossem, por diversas vezes, repartidos e trocados entre Espanha e Portugal, até que o destino designasse que Espanha ficaria com o primeiro e Portugal com o segundo, como era originalmente. Como dito mais acima, um dos maiores fatores que contribuiu para tal foram as Guerras Guaraníticas.

Pelo que o nome sugere, tais guerras representaram o conflito entre as coroas ibéricas para deslocar as comunidades nativas de seu território, extinguindo o aldeiamento de Sete Povos das Missões e expulsando os jesuítas da região. Liderados por Sepé Tiaraju, os guaranis se envolveram em sangrentos combates, pois não desejavam as mudanças a eles impostas e que resultaram na morte de diversos membros da etnia durante três anos (1753 a 1756), incluindo seu líder, que havia recebido a cultura européia e era um homem que transitava entre o mundo nativo americano e o mundo europeu com certa facilidade. Sua morte representa atualmente o dia do índio (19 de abril) e serve de consciência para o que aconteceu na região.

Aliados covardemente, os países ibéricos realizaram as modificações na região, que mais tarde acabaram por não dar certo e depois de alguns anos, tudo voltara a ser como antes, menos para os nativos e os jesuítas, que apesar de controlarem os aldeiamentos e terem o apoio dos nativos guaranis, também eram vítimas das leis da época, conhecidas por Ordenações.

3 comentários:

  1. Não sabia q o dia do índio fazia referência à morte de Sepé Tiaraju.

    O curioso é que agente não encontra fácil este assunto nos livros, quando encontramos, é bastante resumido.

    Nem é qualquer professor que ensina isso em sala de aula.

    Agradeço ao Mochila da História pelo belíssimo post.



    http://'igo0r

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  2. PS: o post da rifa do burro tá FUDEROSO! kkkkkkkkkkkkkk =D

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  3. Valeu Diogo,

    Continua postando sobre o Simpósio da ANPUH.

    Só por informação tem novidade no blog, quando puder olha.

    Um abraço!

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