quinta-feira, 8 de abril de 2010

Tiradentes... mártir ou enganação histórica?

É curiosa a forma como a Ditadura fabricou seus mitos e símbolos nacionais. No desejo de construir um país de cidadãos capazes e instruídos não somente para o trabalho, mas para a doutrinação cultural dos militares, os símbolos nacionais ganharam muita importância dentro e fora das salas de aula. Um deles, Tiradentes, parece que, depois de anos, consegue finalmente ter sua biografia realmente revelada em pormenores.

Desde o projeto que consta em A Devassa da Devassa (que por sinal é escrito por um americanista que estuda a História do Brasil - Kenneth Maxwell) de revelar um "Brasil em seus pormenores", como diria o autor, não se havia um estudo minucioso sobre a figura de um dos maiores heróis (???) da Terra Brasilis. De alferes a ourives, passando por funcionário das regiões mineradoras e autodidata, Tiradentes fez muito para um homem de poucos recursos e pouco prestígio em uma sociedade que ganhava contornos desenvolvimentistas diferentes em determinados aspectos da antiga ordem colonial.

As novas ideias de Tiradentes podem ser conferidas na Revista Aventuras na História ed. 80 de março de 2010, onde vários pontos de vista, especialmente sobre incapacidade de Tiradentes em assumir uma postura ofensiva diante dos planos dos inconfidentes, eximindo estes de culpa pelo fracasso do movimento, são abordados. Destaque para a inspiração maçônica que deu origem à bandeira de Minas Gerais, símblo dos inconfidentes e das ideias republicanas.

O fato é que, na minha visão, Tiradentes não é o que a matéria chama de "autêntico herói nacional". Essa necessidade de existirem heróis na História deixa uma sensação de que existe uma crise na mesma à espera de figuras emblemáticas que realizem feitos extraordinários capazes de fazer a historiografia se livrar da maioria de suas fontes e voltar para o trabalho de campo, investigando novamente os fatos a partir de ocorridos no cotidiano, esmigalhando, como diria Françoise Dosse, a História em pedaços.

Minha conclusão sobre a imagem de Joaquim José da Silva Xavier ainda é a de um homem que buscou na Inconfidência Mineira a superação do seus fracassos pessoais e profissionais, onde através de um grande acontecimento seria capaz de superar seus próprios dilemas e se fazer presente perante a sociedade burguesa que começava a se formar na região das Minas Gerais. O feriado está próximo, mas, apesar de esquartejado sem ter sido pego armado ou com nenhum plano em mãos, será mesmo que esse "bicho" todo pode girar em torno da imagem desse simples homem?

Enfim... no final das contas, o brasileiro vai apenas aproveitar o ditado: "o Brasil é o país do amanhã... e amanhã é feriado".

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Comente, faça diferente, participe do debate!